terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

VIDA NA ROÇA



Uma das grandes surpresas que tive ao vir morar na serra foi encontrar um grande número de evangélicos. Nada contra a religião de ninguém, mas acho que está havendo um certo exagero. Pega-se um táxi e o motorista, em geral sempre solícito, está ouvindo uma música evangélica aos berros. Eu nem me atrevo a pedir que desligue o rádio ou o CD player. Tenho medo de levar um chute pela ofensa gravíssima e ter voltar a pé pra casa. Só peço, gentilmente, que baixe o volume, mas ele só diminui um pouquinho. Suspiro resignada e ligo o botão do dane-se.  

Aos domingos, invariavelmente, recebo a visita das Testemunhas de Jeová. Antes, eu dizia que era católica, mas eles são treinados pra enfrentar e derrotar qualquer oposição. Hoje em dia, me limito a botar a cara pra fora e gritar: “Tô ocupada vigiando o leite.” Tem dado certo, por enquanto. 

Hoje, fui à famosa loja Amigão, lá no centro. Enquanto cobiçava uns potinhos simpáticos, a música evangélica começou a berrar: “Bendito seja, em nome do senhôôôôôô...” Tentei me concentrar nos potinhos. Não deu certo. Cheguei a agarrar dois tapetinhos de porta e disparei para o caixa. Queria sair dali correndo. A moça do caixa cantarolava, acompanhando a música: “Senhor, eu te amuuuuuuuuuu, senhor eu te amuuuuuuuuu”. Paguei e saí batida da loja.

 Lá fora, meu ouvido ainda retumbava. Caraca, preciso tomar um café.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

VIDA NA ROÇA


Não choveu. Mas o tempo andou feio. À noite, as estrelas não apareceram e a lua andou escondida nas nuvens cinzentas. Foi um fim de tarde melancólico e uma noite comum, como são as noites sem lua e sem estrelas. Mas não é disso que vou falar.

Há dois anos plantei uma macieira. Comprei-a ainda bebê, porque tenho a ambição de viver ainda uns bons anos. Cuidei dela com carinho, mas teve um tempo que pensei que ia morrer, de tão raquítica que estava. Um passarinho tirou a macieira da depressão. Jogou uma sementinha de amora bem junto dela e a amoreira, folgada, danou a crescer. Andei até pensando em arrancá-la, com medo de que a macieira se acabasse de vez. Mas um dia notei que a macieira, ao contrário, começou a ficar mais viçosa e até cresceu bem. Hum... sem querer me meter na vida dos outros, comecei a desconfiar de alguma coisa. 


Um dia desses, molhando as plantas, notei que a macieira estava em flor. Que lindo! Não pensem vocês que era um monte de flor, umas três ou quatro, por aí. Mas foi o bastante pra me convencer: as duas estão de caso.

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...