sexta-feira, 9 de outubro de 2015

VIDA NA ROÇA – DEUS AJUDA QUEM CEDO MADRUGA



Ainda era cedo quando Brownie começou a se agitar. Olhei o relógio. Eram 5h e lá fora a passarada já começara a cantar. Ninguém gosta mais do amanhecer do que os pássaros, ficam loucos de alegria. Larguei o livro, os óculos e abri a porta que dá para o jardim. O que vi, me fez voltar, pegar um casaco e me sentar lá fora. A Lua e a Estrela da Manhã ainda brilhavam num céu muito azul, rasgado de nuvens levemente rosadas. Ao longe, nas montanhas, repousavam algumas nuvens acinzentadas que aos poucos cediam ao rosa e, mais atrás, um tom alaranjado se insinuava.  Fiquei ali observando e tiritando de frio, devia ter posto um casaco mais quentinho. Enquanto apreciava o espetáculo, as luzes da Lua e da Estrela da Manhã foram lentamente se apagando. Era o sol chegando e mudando as cores do céu. O forte alaranjado suavizou-se até se tornar amarelo, mas à medida que o sol avançava as nuvens se douravam e culminaram por apagar de vez o prateado do planeta e do satélite. Senti sua falta, Dani, que com as lentes de sua câmera teria captado toda a beleza que palidamente descrevo.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A PROVA DE FOGO


Sei que muita gente - e o mais incrível: muitas mulheres - ficará feliz se Dilma sofrer impeachment ou se vir forçada a renunciar. Hoje à noite, a turma do quanto pior, melhor vai fazer a presidenta passar por uma prova de fogo. Não há motivo nenhum para soltar foguete ou festejar se tal acontecer.

Foi a primeira vez que tivemos uma presidenta. O que devia ser motivo de orgulho é razão de escárnio. Cristina Kirchner e Michelle Bachelet têm sorte de viverem em países civilizados. Vejo alguns amigos argentinos insatisfeitos, mas nenhum desrespeitoso.


Dilma Rousseff foi perseguida desde o início, quando escolheu ser chamada "presidenta". Montes de linguistas fajutos, de última hora, saíram do anonimato para condenar a escolha - a maioria mulheres, pasmem! E as maldosas de plantão rimaram com "anta". Vários linguistas sérios a quem consultei confirmam a correção do vocábulo, mas até hoje ainda insistem em dizer que está errado. Errado mesmo é a baixa autoestima de muitas mulheres, um monte delas. Me decepcionei muito com algumas que julgava esclarecidas, sensatas, racionais. Foram as mais raivosas, as mais preconceituosas, as mais irracionais. Algumas se revelaram tão machistas que deixaram de lado a educação (se é que alguma vez a tiveram) e chamaram a presidenta de "vagabunda" nas redes sociais. Muitas encheram a boca para gritar VTNC em plena arena esportiva, numa solenidade, quando Dilma estava acompanhada de autoridades, humilhando-a, sem se darem conta que, ao mesmo tempo, davam a si mesmas diploma de bestas humanas. Foi uma vergonha que cruzou fronteiras e mostrou ao mundo o povo inculto e incivilizado que vive neste país. Não hesitaram em dirigir impropérios a uma mulher digna, que é mãe e avó, sem perceberem que as ofensas e as humilhações se voltavam contra elas mesmas, para delírio dos machos a quem chamam de maridos e filhos. 


Agora entendo porque se matam tantas mulheres no país, pois se nas classes mais abastadas elas não se respeitam, se sofrem de tanta baixa estima, imagino como deve ser nas classes inferiores. E se for negra e pobre é bem pior.


A eleição da Dilma Rousseff abriu meus olhos para o país onde vivo. E o que vi me deixou profundamente desgostosa e triste. Tem razão Lévi-Strauss: tristes trópicos.

sábado, 19 de setembro de 2015

DE PRIMAVERA E PASSARINHOS

Há algum tempo observo que o amor está no ar. Quando tomo meu solzinho pela manhã, vejo casais de passarinhos de todos os matizes, piando alegremente, voando de galho em galho e carregando uma palhinha no bico. Não há dúvida, estão fazendo ninhos. É a primavera chegando, a estação do amor. E eu me pergunto como pude perder tanta beleza durante tantos anos? Lá no Rio só tem duas estações no ano: Verão e Verãozinho. É só na serra que se vê todas as estações.

Quando falo de passarinhos e de ninhos me lembro de uma querida amiga que se foi. Ela me contou que uma vez viu uma passarinha carregando palhinha por palhinha pra fazer o ninho. Solidária, resolveu abreviar as viagens da passarinha. Pegou umas palhinhas e jogou lá dentro do ninho. Ah, pra quê? A passarinha virou uma fera. Jogou tudo pra fora e ficou piando sem parar. Se passarinho falasse...


Também eu levei uma bronca monumental de uma passarinha. Certa vez, no condomínio onde morava, veio a ordem de tirar as plantas da varanda. Estavam pintando o prédio. Uma passarinha tinha feito o ninho na árvore de Natal e lá estavam 3 pimpolhinhos. Quando ela se afastava, íamos olhá-los. Com todo cuidado e muito carinho, tiramos a arvorezinha da varanda, preocupadas com a mãe, que finalmente voltou e não encontrou seus filhotes. Ah, pra quê? Ela pulava de um lado a outro na balaustrada da varanda, irritadíssima. Se passarinho falasse...


Tivemos de carregar de volta a arvorezinha pra varanda, pra sossego de todos. E que se danasse a pintura. Aquela maezinha estava ali pra cumprir sua função biológica e não ia se afastar enquanto não a terminasse. E os pimpolhinhos já piavam famintos, querendo a mamãe.


E eu me lembro perfeitamente que era primavera. Me lembro com saudade que o amor estava no ar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

TERRA DA FANTASIA - O BRASIL JÁ FOI UMA TERRA MUITO FELIZ, UMA DISNEYLÂNDIA

Até a chegada do PT éramos muito felizes. Tínhamos um sistema de saúde perfeito, ninguém morria nas filas dos hospitais e não precisávamos do MAIS MÉDICOS, do SAMU, das UPPs. Tínhamos uma educação maravilhosa, muitos negros e pobres se formavam sem o auxílio do PROUNI, FIES, PRONATEC, CIÊNCIA SEM FRONTEIRA e por aí vai. Não tínhamos fome nem miséria, todos comiam muito bem, sem precisar do BOLSA FAMÍLIA. Tínhamos casa e não precisávamos do MINHA CASA MINHA VIDA. Tínhamos todos luz em todos os recantos e não precisávamos do LUZ PARA TODOS. Não havia seca no nordeste e esse negócio de TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO sempre foi considerado uma frescura, cujo objetivo era acabar com a farra da troca de água por votos. Maldito PT!!! Nossos transportes eram perfeitos e esse negócio de BRT e VLT era uma bobagem. Podíamos nos dar o luxo de ficar horas e horas nas filas do transporte e nos trajetos. Nossos PORTOS E AEROPORTOS funcionavam maravilhosamente, as estradas não eram esburacadas. Nunca precisamos de obras do PAC para a nossa mobilidade urbana. Nosso povo viajava para todos os recantos do mundo, porque tudo era quase de graça e as pessoas tinham um salário astronômico. E quando o FHC instaurou a CPMF ninguém reclamou, porque era um imposto justo. Não reclamou nem mesmo quando ele quase dobrou o valor. Nunca houve corrupção no país. Éramos um povo honesto e trabalhador, respeitávamos filas, nunca demos carteirada, não avançávamos o sinal do trânsito e jamais subornamos ou aceitamos propinas. Elegíamos políticos honestíssimos, que nunca aceitaram vender votos em troca de reeleição.
Enfim, tudo era divino e maravilhoso,até que chegou o PT e esculhambou tudo.
Maldito PT!!!

sábado, 25 de julho de 2015

JÁ NÃO HÁ MAIS POBRES COMO ANTIGAMENTE

Lembro uma vez, quando menina, de um casal muito pobre que esteve em nossa casa pedindo ajuda. Os dois estavam maltrapilhos e famintos. Minha mãe prontamente os alimentou e lhes deu roupas. Meu padrasto olhou para o pé daquele homem e disse:
- Sapato não posso dar, porque parece que seu pé é bem maior que o meu.
E o homem respondeu:
- E pobre lá tem número de sapato? A gente corta a ponta e cabe direitinho.
Nunca me esqueci deste fato. E durante anos foi assim. A gente juntava as tralhas que já não serviam e dava pros pobres. Os anos passavam e nada mudava. Era o Natal da fome, a campanha do agasalho... que serviam para acalmar a culpa. E todos podiam exibir sua boa ação e dormir em paz.
Aí, um dia, quis dar uns sapatos e bolsas em ótimo estado e ninguém quis. Alguém então me disse: "os pobres mudaram". Mudaram, sim, graças ao Lula e a Dilma. Há que se reconhecer isso, mesmo que você não goste dos dois.
E então, um belo dia, a faxineira chega na minha casa e exclama com orgulho:
- Minha geladeira é igualzinha a sua (uma duplex com degelo automático)!
Para muitos, que ainda não perderam o hábito de dar esmola e acha que pobre tem que "se enxergar", isto poderia ser uma afronta. Mas sou cristã, no sentido pleno da palavra, e entendi que o Brasil tinha mudado para melhor, que estava se tornando um país mais igualitário, mais fraterno. O Brasil está finalmente se tornando um país de Primeiro Mundo. É certo que ainda falta muito, temos uma elite egoísta e uma turma do contra que fazem questão de travar o país.
Depende de nós impedir o retrocesso. Depende de nós fazer o país avançar ainda mais.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Quando ganhei o livro, apressei-me a lê-lo, mas parei nas páginas iniciais. Gosto das escritas claras, bem pontuadas e sinalizadas. Saramago não é assim. Obriga o leitor a ir penosamente pontuando, indo e vindo, talvez para obrigá-lo a repensar em coisas cuidadosamente guardadas. E isso fez com que me distraísse, perdesse a paciência e largasse o livro pra lá. 

Depois veio o filme, fui ver e não gostei. Achei a metáfora gasta, batida e imagino que não tenha sido sucesso de bilheteria. As pessoas fogem da realidade e embarcam na fantasia. E deve ser por isso que entretenimento é tão  fundamental. Mas não foi o meu caso. Leio livros considerados difíceis num dia só. Então, atribuí a culpa do meu desgosto ao Saramago, até que um acontecimento recente me fez repensar em fatos há muito esquecidos, deixados pra lá.

É interessante como a realidade surge assim do nada, de repente. Uma mensagem inbox cifrada me deixou encucada vários dias e aí a realidade caiu pesada sobre mim. Eu havia cortado aqueles fatos, como no maravilhoso filme do Giuseppe Tornatore, "Cinema Paradiso", em que o personagem principal recebe todas as cenas cortadas dos seus filmes de infância. Também eu, tal qual dona Solange, do tempo da ditadura, havia censurado fatos importantes da minha vida, que fiz questão de não ver. Logo eu que sempre me julguei lúcida e corajosa, que fiz análise e sempre me achei pronta para encarar qualquer realidade. Logo eu...

E tudo se tornou dolorosamente claro para mim.

sábado, 4 de julho de 2015

VIDA NA ROÇA - O AMANHECER


Acordei cedo, abri a porta pro Pinguinho e o Brownie saírem e já ia começar minha lida diária quando um raio luminoso chamou minha atenção. Era o sol que se insinuava lá longe, por trás da silhueta negra das montanhas. Larguei tudo e fui sentar lá fora no jardim, para apreciar. A natureza estava inspirada e começou pintando, camada por camada, um belo espetáculo. Por trás dos raios alaranjados, um céu muito azul. Nuvens cinza clarinhas vestiam saias prateadas e uma delas fez um caprichoso desenho, parecendo um disco voador. Outra mais a frente tinha uma roda laranja bem pálida, enquanto outras, mais altas, misturavam branco com rosa, branco com laranja, branco com amarelo, branco com prata e se alternavam, como se dançassem no amanhecer. Mais acima, o céu assumiu a cor prata, contrastando com o ouro detrás dos montes. Atrás do grande pinheiro, uma nuvem rosa-alaranjada esguiava-se mansamente em direção ao sol. E, lentamente, o dia foi desabrochando. Fiquei feliz e orei.

terça-feira, 16 de junho de 2015

VIDA NA ROÇA


Um dos meus maiores desejos era ter um vaso de avencas e outro de samambaia-chorona. Nunca pude tê-las, porque, lá na cidade, avencas são dengosas e requerem muita atenção. Uma atenção difícil, pela vida corrida que eu levava. E as samambaias não resistiriam às traquinadas das minhas meninas. Já havia perdido a esperança, até que vim morar na roça. Há avencas aqui aos montes. Uma vez, pedi a um jardineiro que me limpasse uma parede, porque a hera estava avançando muito. Ele deixou a parede no cimento e a exibiu, todo orgulhoso. Havia arrancado toda hera e, ainda por cima, as lindas avencas. Quase tive um troço, mas aprendi que jardineiros aqui, por causa da abundância da vegetação, acham que avenca é mato. Mas o ambiente na roça é tão propício que elas voltaram com toda força. Que bom! E as samambaias-choronas são mesmo do mato, e dão aos montes. Caem lindamente das ribanceiras e, ontem, o jardineiro botou uma delas num vaso pendurado. 

Estava lá no jardim pegando meu solzinho da manhã e pensando em avencas e sambambaias, quando um pássaro amarelo começou a cantar no galho mais alto da sibipiruna. Curiosa, chamei o jardineiro da casa ao lado pra saber o nome do pássaro. O bichinho se assustou com a minha voz e foi embora. Ainda sou muito estabanada e não aprendi a controlar meus impulsos. Minha grande ambição agora é conhecer os pássaros da região e reconhecê-los pelo canto.


E assim, entre avencas, samambaias e pássaros, vivo a vida que sempre sonhei.

A ENTREVISTA


O programa do Jô foi ao ar depois do antipático jornal (e do âncora William Waack) da Globo, ou seja, no c.. da madrugada. A minha estratégia foi tirar um cochilo antes, pois de outro modo não poderia ver uma das melhores entrevistas da TV brasileira, porque Jô estava num momento inspirado e deixou o entrevistado falar. Quem não viu, não deve perder, quando estiver disponível no YouTube. Serena, tranquila a presidenta falou de vários assuntos, até mesmo do período traumático em que esteve presa. Mostrou sua fibra, perseverança e espírito de luta. Admirável. O Jô talvez tenha se decepcionado lá no final da entrevista quando perguntou à presidenta se ela, agora no segundo e último mandato, não faria uma mudança drástica e brincou, dizendo "demitir um senador, por exemplo". Dilma entendeu que Jô se referia à reforma na lei dos meios, nesse oligopólio absurdo das comunicações que tanto envergonha cidadãos democráticos, mas ela tergiversou e falou do marco civil da internet, uma batalha duríssima no Congresso. Quem sabe ler nas entrelinhas, entendeu que a presidenta quis dizer que com o Congresso que está aí, uma reforma na lei de meios não seria viável.

Há muito que se comentar sobre a entrevista, mas vou me deter na postura da presidenta. Primeiro, quero dizer que ela me representa, tenho orgulho dela. Dilma é de uma elegância ímpar, não apenas no modo de se vestir, mas do jeito como se comporta. Na sua mineirice, falando pausadamente, ela vai se revelando uma mulher doce, sensível, culta, inteligente e extremamente educada. Deve causar inveja em muitas mulheres que, não podendo ser como ela, dirigem-lhe as ofensas das quais, em última análise, são elas o próprio alvo.

VIDA NA ROÇA - TANGERINAS


Tenho um pé de tangerina ainda pequeno. Este ano ele nos presentou com 12 deliciosas tangerinas, que eu e Daniela devoramos. Na casa ao lado, o pé de tangerina se encheu de frutos amarelinhos e grandões. Imagino que o arbusto deve ter ter umas 100 tangerinas, sem exagero. Ninguém mora nessa casa e nem mesmo a visita. Um jardineiro cuida dela. Eu o encontrei casualmente e lhe pedi tangerinas. Ele me deu uma sacola, mas todas estavam ainda meio verdes e eram pequenas - nada parecidas com as belezuras amarelas. Mas...cavalo dado não se olha os dentes. Pensei que as melhores certamente estariam reservadas pra ele ou para os próprios donos, que talvez aparecessem. Mas não. Já se passou mais de duas semanas e as tangerinas continuam no pé, como enfeites de árvore de Natal, só que correndo o risco de apodrecerem, se é que já não aconteceu. Uma pena, porque, mesmo estando boas, já devem talvez ter perdido o sabor que as frutas têm quando atingem o ponto. Volta e meia vou ao quintal e olho pra elas com pesar. 

E isso me faz pensar na metáfora que Cristo usou para amaldiçoar a figueira. Tem gente que não consegue nunca dar frutos.

sábado, 23 de maio de 2015

A ALEGRIA DE AMARMOS UNS AOS OUTROS

Começo este post com a máxima da madre Teresa de Calcutá, pra ver se a Santa me dá um pouco de paciência com o "cerumano".

Hoje de manhã, fiquei escandalizada quando vi um vídeo postado no FB. O cenário é de festa e o foco é a chegada de 4 jovens bonitos e fortes carregando um andor, ao som de música de fanfarra. O andor deve conter umas 100 garrafas de champagne francesa (a festa é na França) e o divertimento máximo da moçada é estourar as champagnes, uma a uma, e espirrar o jato uns nos outros. Havia uma longa lista de pessoas admirando o acontecimento. Enquanto isso, não muito longe dali, famílias inteiras viajam nos barcos da morte, na esperança de serem acolhidas por algum país que lhes estenda a mão. Fogem da guerra, da fome e da miséria de seus países.


Depois, fui a uma sessão de fisioterapia e, enquanto aguardava minha vez, vi o noticiário da Globo na TV. Fiquei sabendo que está na moda o casamento ostentação, que consiste de gastar milhões em festas nababescas. E a reportagem mostrava o preço de cada ostentação, até chegar ao espetáculo circense máximo, que é contratar um drone por 3 mil reais para levar as alianças dos noivos ao altar. 


E a gente cansa de ver posts no FB de pessoas criticando os 70 reais que uma mãe necessitada recebe por cada filho, como ajuda do governo, num esforço para manter as crianças na escola, evitando que se transformem em ladrões e assassinos. E, das muitas vezes que defendi o programa, alguns me perguntaram em que país eu vivo. Sei lá, já me perdi. Só sei que definitivamente não faço parte dessa nau de insensatos e nem dessa tribo que se julga evoluída e civilizada.
Sou apenas um ser humano.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A OI, A ANA MARIA BRAGA, A AMPLA E A VERGONHA ALHEIA


A internet andou ruim esta manhã. Antes de ficar estressada, liguei a TV pra ver qualquer bobagem e dei uma esticadinha no sofá. Fazia tempo que não via a Ana Maria Braga. Está cadavérica e com uma boca muito estranha. Não entendo por que algumas mulheres gastam fortunas preenchendo lábios pra ficarem com cara de Pato Donald. Mas gosto não se discute. 

Lembro da Ana Maria Braga na década de 1990, quando fazia um programa muito legalzinho de culinária em outro canal. Era rechonchudinha e esbanjava bom humor. Daí a Globo a contratou e ela entrou no famigerado padrão Globo de qualidade, que descaracteriza tudo. Quiseram que ela fosse menos dona de casa e mais culta. Daí ela passou a dizer que tinha estudado biologia na USP. Mas numa entrevista que fez com um biólogo era assustador o grau de ignorância da entrevistadora. Depois passou a falar de coisas com as quais não tem tanta intimidade e foi quando chamou o Nestor Kirchner de Nelson e o Ariano Suassuna de Adriano. 

Hoje, ela convidou um chef italiano pra ir ao programa e chamou uma intérprete porque, como explicou, o italiano dela é macarrônico. O que se viu depois foi que ela se gabou. O chef italiano é, na verdade, americano, mas fala bem a língua dos pais, tem programa na TV americana e uma rede de restaurantes nos EUA. O programa ia direitinho até o italiano fazer um fetucine. O chef deu a Ana Maria um pedaço de presunto di Parma e ela, animada com a gentileza, resolveu agradecer "em italiano":
- Hummmm...muy bueno!
Bom, pode-se dar o desconto, pode ter sido um esquecimentozinho. Mas não. Depois de pronto o fetucine, ela lascou de novo:
- Hummmm...muy bueno!
E ainda fez o pobre chef italiano passar por debaixo da mesa. Apesar de gordo, ele não se fez de rogado, enquanto causava tremenda preocupação no Louro José, que dizia: "Ai, meu Deus!"
E foi então que, mais animada ainda, ela resolveu "falar italiano", perguntando ao chef:
- La massa italiana....pluft, desligou a TV.
A Ampla teve a coragem de cortar a luz justo na hora mais divertida. %$#&!
E a luz só voltou horas depois. Mas de tudo ficou uma certeza: Ana Maria Braga devia ser eleita a musa do Vergonha Alheia.

VIDA NA ROÇA - DIA DAS MÃES


Ficamos sabendo que o dia das mães seria de sol. Iuhu!!! Tivemos dias de muito frio e a notícia nos animava a fazer um churrasco no jardim. Mas de manhã cedo olhamos pro céu e nada. Como grande astro que é, deve ter exigido do tempo algumas mudanças, uns arranjos especiais, sabe-se lá o quê. Afinal, ia aparecer em grande estilo. De vez em quando, mandava uns raiozinhos. Nós e os gatinhos, tiritando de frio, nos animávamos e íamos até o jardim, mas ele, teimosamente, voltava a se esconder. 

Lá pelas tantas, exigiu que o vento afastasse todas as nuvens - queria brilhar supremo. E, aos poucos, elas foram desaparecendo. Só algumas mais renitentes foram buscar abrigo no seio da Mulher de Pedra. Enfim, lá pelas 11, o sol surgiu em todo seu esplendor, num céu azul que nos fez esquecer os dias de cinza chumbo. Os gatinhos foram se deitar ao sol enquanto saboreávamos um gostoso churrasco.

Abençoado dia!

sexta-feira, 1 de maio de 2015

PREÇOS SURREAIS


Sou pessoa de hábitos simples, mas adoro tomar um vinhozinho (meu luxo) no fim de semana, pra fugir da rotina. Não pensem que tomo vinhos caros e, antes de beber, meto o nariz dentro da "taça" pra adivinhar tons e sabores - essa palhaçada que os não habituados a tomar vinho fazem em restaurantes caros. Tomo um vinhozinho chileno dos mais baratos que encontro, porque qualquer vinho chileno ou argentino são ótimos. Lembro que uma vez, na casa de um amigo na Argentina, fui ao mercado comprar um vinho pra botar na comida. Escolhi o mais barato que encontrei e era maravilhoso. Infelizmente, porém, nossos empresários são gulosos e mal o dólar aumentou os preços dos vinhos dispararam. O dólar caiu, mas os preços permaneceram altos. É sempre assim. Embora me cause desgosto, estou boicotando o vinho e peço que façam o mesmo, pois acho que é a única maneira de fazer esses empresários entenderem que não somos tolos.

No outro dia, comentava um amigo que pagou quase R$ 20,00 num restaurante no Rio pra beber apenas 1 água e 1 coca-cola. E o garçom ainda culpou a Dilma. Virou moda isso.

Pois saibam que, na minha última viagem à Inglaterra, no Natal de 2013, paguei a metade do preço pela mesma quantidade de castanha do Pará (que hoje chamam de Brasil). Um produto nosso custou a metade do que pago aqui numa das cidades mais caras do mundo, onde 1 libra equivale a quase R$ 5,00 reais. A culpa é da Dilma também?

Arre égua! Tá difícil...

terça-feira, 17 de março de 2015

É LUXO SÓ

Acordar com o canto do guaxo, que veio cantar bem perto da minha janela.
Quem ainda não ouviu o guaxo (ou guaxe "Cacicus haemorrhous") não sabe o que está perdendo.

É...tá difícil! É juiz se apoderando dos bens de um suspeito. É o presidente da Câmara fazendo benesses com o nosso dinheiro, aumentando o salário e as mordomias dos deputados. É a maior empresa brasileira sendo atacada por todos os lados. É o governo federal acuado com tantos acontecimentos e mais uma vez pecando pela falta de comunicação.
Por isso, aproveito o canto do guaxo...enquanto posso.

VIDA NA ROÇA

Foi o fevereiro mais morninho desde que cheguei aqui na serra há quase 4 anos. Fevereiro costuma ser o mês do calorão, até mesmo aqui. Este ano foi diferente. O dia amanhecia fresquinho e ia esquentando aos poucos. Algumas vezes chegou a ficar sufocante, mas lá pro final da tarde vinha a chuva e voltava a ficar fresquinho. 

Quem convive com a natureza aprende a detectar os sinais de tempestade. Um lindo dia de sol e céu azul não garante nada. De repente, nuvens escuras e carrancudas se aproximam sem mais nem menos. Os primeiros arautos da tromba d'água são os passarinhos. Eles cantam alegremente quando há sol, mas se a cara do tempo se fecha, interrompem o canto e só se ouvem piadinhos. E a chuva vem. As nuvens escuras explodem em raios e trovões. Quem mora na serra reverencia a natureza e respeita seus reclamos, porque sabe que a ira da tempestade pode dar lugar à beleza de uma hora pra outra, como a que eu vi uma certa manhã. Estava alimentando os gatinhos quando um forte reflexo alaranjado surgiu no horizonte. Era o sol invadindo o céu em cores fortes, parecendo um fogaréu. Quem vê o sol nascer na serra canta Villa Lobos: "Viva o sol do céu da nossa terra, vem surgindo atrás da linda serra."
E que venham as tão esperadas águas de março.

UMA LIÇÃO DE ARTE E CORAGEM

Quando critico a Globo é sempre o jornalismo, que é de péssima qualidade. Quase não vejo TV, atualmente, mas ontem fiz questão de ver o primeiro capítulo de "Babilônia", porque sou fã do Gilberto Braga. E a novela mostrou que veio pra "causar", com esta cena maravilhosa, que apenas atrizes do porte de Fernanda Montenegro e Nathalia Thimberg, poderiam levar ao ar: o amor entre lésbicas idosas. E se alguém torcer o nariz, deve voltar às cavernas. Tá morto e não sabe. 

Em 1969, dois atores extraordinários, Richard Burton e Rex Harrison, fizeram o filme "Staircase" - em português teve o título debochado "Os delicados" -, em que dois homossexuais envelhecidos enfrentam as dores da convivência e da velhice.

Parabéns a Globo. Em meio a tanto preconceito e violência contra a mulher, em especial quanto a nossa presidenta, a emissora teve a coragem de levar ao ar uma novela que aborda tema ainda tão controvertido, apesar de estarmos em pleno século XXI. Parabéns as atrizes pela delicadeza da cena e também ao Gilberto Braga, por escrevê-la.


DE VEZ EM QUANDO, SURGE UM SER HUMANO DE VERDADE NA TERRA


VERGONHA ALHEIA


Há muitos americanos insatisfeitos com o Barack Obama, são muitos os irritados com o François Hollande, vários detestam David Cameron e o mesmo se pode dizer de Angela Merkel e a razão é que eles também não conseguiram cumprir compromissos eleitorais. Mas ninguém, nenhum um só americano, francês, inglês ou alemão vai às ruas pedir intervenção militar. Porque isso é pagar um mico enorme. Pedir intervenção militar é coisa típica dos países chamados República das Bananas. Quem pede intervenção militar não entende o país que vive, nunca leu um livro de história, não conhece a Constituição e fariam melhor se calassem a boca, porque já dizia minha mãe: em boca calada não entra mosquito.

Em comum, todos os que foram às manifestações ontem querem a saída da Dilma Rousseff. E há muitos desinformados que acham que o segundo colocado nas eleições tomaria posse. É impressionante o grau de burrice dessa gente. Querem que saia a Dilma para que assuma o vice, Michel Temer, do PMDB. Na ausência deste, por qualquer viagem ou doença, assume o Eduardo Cunha, também do PMDB, denunciado no Lava a Jato. Imagina o que é ter um Eduardo Cunha como presidente? E na ausência de Cunha, assume Renan Calheiros, também do PMDB e implicado no Lava a Jato. Pergunto àqueles que foram às ruas ontem de verde e amarelo: vocês sabiam disto?


Afinal, o que querem vocês? Foram às ruas pra derrubar Dilma Rousseff, incitados pelo candidato derrotado que, como qualquer menino mimado, não se conforma de ser contrariado e para isso conta com o apoio irrestrito da mídia, que buzina desinformação na cabeça de vocês dia e noite? São Louros Josés?


E quem são vocês pra pensar que são mais brasileiros e patriotas do que os mais de 54 milhões que votaram em Dilma Rousseff, contra quem, rigorosamente, não há nada, absolutamente nada que se dizer, a não ser que se trata de uma senhora digna, uma avó, a quem vocês ofendem com palavrões, mostrando ao mundo inteiro o baixo nível que têm, mesmo morando em vivendas elegantes? Sabem que tirá-la do poder é estelionato eleitoral? É achar que as vontades de vocês devem se sobrepor às da maioria? E chamam a isso democracia? Onde, pelo amor de Deus?


Viver hoje em dia no Brasil requer estômago de elefante.
Triste.

VOCÊ AÍ, AMIGO TRABALHADOR


Espero que esteja entendendo o momento atual e não esteja se fiando no que diz o jornalismo da Globo. 

Há um projeto em andamento, que venceu as eleições do ano passado, de resgatar as pessoas da extrema pobreza e fazer o pobre entrar na classe média. Muitos já conseguiram e têm suas casas, TVs de última geração, carro, etc. Os pobres que passaram para a classe média agora viajam de avião e isso tem causado muito desconforto em alguns setores da classe média alta. São eles os que mais reclamam. São eles os mais insatisfeitos. 


Saiba, amigo, que muitas dessas pessoas têm contas no exterior e não estão nem aí para a pobreza e miséria do país. E há muitos que "seguem a onda", ou seja, são descerebrados, não leem, não se informam e apenas seguem o que diz a mídia. Eles nem sabem dizer por que estão apoiando esse movimento anti-Dilma, anti-PT. Têm apenas ódio e esse ódio, amigo, é de você. Não se iluda.
Abra o olho, amigo! Quando você passou necessidade e fome ninguém foi à rua mostrar-se indignado com a sua situação. Ninguém apoiou você.


O governo do PT é um governo voltado para o povo. É um partido com problemas como qualquer outro, mas vem governando o país com força e coragem e botando muito corrupto na cadeia. Por ironia, o partido que mais investigou e prendeu é visto como mais corrupto. A mídia trabalha para denegrir o partido.


Não imagine que essa gente que está nas ruas é contra a corrupção. Na verdade e infelizmente, eles têm é inveja de não poderem fazer parte dela.
Todas as vezes que se tentou governar para o pobre foi assim. Eles tentam dar o golpe.


Leia, amigo, informe-se. Não acredite em tudo o que você ouve e vê.

PAUSA PARA MEDITAÇÃO


Alguma coisa está muito errada. Uma moqueca de peixe num bom restaurante da cidade onde moro custa R$ 100,00. O prato mais barato nesse lugar custa R$ 70,00. Oito pasteizinhos de camarão custam R$ 20,00. Pra que tenham uma ideia do descalabro, me contava minha filha que foi almoçar num restaurante polaco com o namorado e gastaram, os dois, com comida, bebida e sobremesa uns R$ 125,00. Isso em Londres, onde cada libra equivale a R$ 5,00. 

O interessante é que o restaurante da minha cidade vive cheio, com fila e tudo. E não apenas este, mas os outros mais caros ainda também. Pela frequência, dá pra adivinhar que é de pessoas que reclamam do custo de vida, da gasolina, dos impostos. São os que devem ir às ruas amanhã pra "reclamar de tudo isso que tá aí", que eles não sabem precisar exatamente o quê, pois que ouvem e repetem simplesmente. Se são perguntados, respondem bobagens. São incapazes de formar uma frase consistente, um argumentozinho sequer. E estou falando de gente que tem certa instrução. Mas é enorme o contingente de analfabetos funcionais. E, recentemente, me dei conta que é enorme também o contingente dos incapazes de entender uma ironia, um pensamento metafórico.

Houve um tempo, justamente no período FHC, e eu me lembro muito bem, que o comércio ia de mal a pior. Em Ipanema, na zona mais elegante do bairro da zona sul do Rio, viam-se lojas e lojas fechadas, um assombro, e os restaurantes estavam às moscas. Quem andava pela Av. Atlântica, em Copacabana, era assediado pelos garçons, fato francamente constrangedor. Eram bares e bares vazios na Cidade Maravilhosa. Se havia um ou outro cliente, em geral eram estrangeiros. 

Tudo isso foi esquecido?
É disso que têm saudade os que reclamam "de tudo isso que tá aí"?
Tsc, tsc, tsc...

ORGULHO


Tenho imenso orgulho de viver num país que teve como presidente, em dois mandatos, um torneiro mecânico, que elevou a nossa economia para o honroso sétimo lugar, pagou a dívida com o FMI, retirou da faixa da pobreza 44 milhões de pessoas, fez ascender à classe média 36 milhões e muitos, pela primeira vez, tiveram acesso regular à comida, a um salário razoável, carro, casa própria, universidade, a viajar de avião.

Muito me orgulho de ter como presidenta uma mulher que enfrentou os cães raivosos da ditadura e, mesmo sob dor excruciante, não denunciou nenhum de seus companheiros. Primeira batalha vencida. Anos depois, nova batalha, a do câncer. Essa corajosa mulher não se negou a contar o que lhe acontecia e resistiu bravamente ao tratamento. Mais uma batalha vencida.


Hoje, essa brava mulher enfrenta uma oposição feroz, que não se refez da derrota nas urnas e quer tirá-la do lugar que ocupa legitimamente, tentando desestabilizar o seu governo.
Não passarão. 


Vamos às ruas apoiar a democracia e os direitos constitucionalmente adquiridos. Vamos resistir a mais esse golpe da direita.


À luta!

sábado, 28 de fevereiro de 2015

VIDA NA ROÇA

Hoje foi dia de faxineira nova e ela já chegou avisando:
- Só sei trabalhar escutando música.
- Claro, sem problema - respondi, longe de imaginar o que me aguardava e agradecendo aos céus por ter finalmente encontrado alguém. A casa estava precisando de uma boa faxina.


E a mulher não estava de brincadeira. Adora mesmo música...evangélica e a ouve aos berros. Meu Deus do céu, quem foi que inventou essa atrocidade? Nada contra os evangélicos, nada contra ninguém, mas a música é terrível. Me deu vontade de agarrar o celular dela e esmagar todinho com o martelo. Várias ideias malucas me passaram pela cabeça. Todas as músicas (na falta de outro nome fazer o quê?) são rigorosamente iguais, ou seja, desinspiradas, insípidas, bobocas... e por aí vai.


E foi assim o dia inteiro e eu, lá pelas tantas exausta e de mau humor, já nem estava mais ligando se a casa estava limpa ou não. Tudo o que eu queria é que a mulher fosse embora o mais rápido possível, pois eu já temia perder o controle de mim mesma.
Finalmente, esse momento tão ansiado chegou. Ufa! Paguei com o maior prazer e me despedi da moça, pensando comigo mesma: "Vai com Deus e as pulgas!"


(Nunca vi tanto evangélico como em Teresópolis)

domingo, 1 de fevereiro de 2015

VIDA NA ROÇA


Andaram arrastando móveis pesados lá no céu na noite passada ou, como dizia minha mãe, para aplacar minha rebeldia infantil: "Papai do Céu está zangado com você." 

Eram mais ou menos umas duas horas da manhã quando ouvi o primeiro estrondo e acordei sobressaltada. Fato raro, porque tenho sono de pedra. Pinguinho, que dormia tranquilamente nas minhas costas, deu um salto e foi se esconder debaixo da cama. Brownie, que dormia num canto da cama, se enrolou como uma cobra e só abria um olho quando o ruído ficava mais forte. E era um atrás do outro, aterrorizantes, enquanto a chuva caía pesada. Aqui na serra, talvez pela paz e tranquilidade, a trovoada faz um barulho dos diabos e assusta tanto os bichinhos quanto os fogos de artifício.


Mas o dia amanheceu inocente de tudo, com nuvenzinhas rosas e nesgas de céu azul. Aos poucos, a névoa branca que cobria todo o céu foi se aninhar na alta montanha de pedra que parece abraçar as casas dos arredores. Os pássaros voltaram a cantar e as borboletas voaram felizes. 


E hoje é domingo, um dia diferente de todos os outros, porque é quando tomo meu vinho no almoço e vejo um filmezinho, antes que o dia termine.
"É preciso ritos", disse a raposa.
Bom dia, amigos e bom domingo!


O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...