segunda-feira, 18 de setembro de 2017

VIDA NA ROÇA - SURPRESAS, TRISTEZAS E ALEGRIA

Tive uma quarta-feira 13 maravilhosa, com surpresas agradáveis. Nesse dia, rezei agradecida e fui dormir feliz. Nada me preparava para a triste surpresa que eu teria no dia seguinte. Fredinho II não apareceu para comer a ração da manhã e aí fui procurá-lo no quintal. Estava morto. Fredinho II foi adotado pela Daniela Peternel, mas acabou vindo morar comigo. Não vou dizer que era bonzinho porque morreu, não. Era implicante com os outros gatos e me fazia encher as vasilhas de água toda hora, porque gostava de brincar com a água. Um chato. Mas como sofri com a morte dele. Fiquei muito mal. Liguei pra Daniela pra dar a notícia e reclamei: "Da próxima vez que vir um bichinho abandonado, vire a cara pro outro lado. Eles morrem e a gente fica mal. Você está certa, mãe," ela me respondeu.

Na sexta, tive visita e consegui me desligar um pouco, mas no sábado, quando foram embora, a tristeza voltou, dessa vez acompanhada de um mal-estar físico. E eu tinha trabalho pra fazer. Trabalhei em péssimas condições. A certa altura, interrompi o que estava fazendo para procurar um cirurgião plástico para uma pessoa. Fiz um pequena intervenção com ele, certa vez, e adorei o médico. Era gentil, atencioso e competente, como não se vê mais. E aí descubro que o doutor Wagner Esteves morreu em março, de um ataque cardíaco. Era magro, aparentava felicidade, praticava atividades físicas, devia estar entre os seus 60 e 70 anos, portanto, "jovem". Isso só fez agravar meu estado de ânimo, porque gostava do doutor Esteves como pessoa também. Fui dormir triste nesse dia.


E aí, no domingo, ainda não recuperada do mal-estar físico, acordo decidida a levantar o moral. Depois do café, fui ler meu kindle na varanda. Assim que sentei, meus dois cachorros começaram a latir sem parar. Curiosa, fui olhar e vi que latiam para um cachorrinho muito miúdo, que estava no portão do vizinho. Esperei pra ver se aparecia alguém, até me dar conta de que ele havia sido abandonado ali por algum passante. Estava sujíssimo, desorientado, mas dava pra ver que era cachorrinho de raça. Atravessei a rua e ele veio na minha direção, levantando as patinhas. Ah, aquilo derreteu meu coração! Peguei-o no colo, dei-lhe um banho quentinho, tirei toda aquela cloaca que estava grudada nele, levei-o ao sol, bem abrigado numa toalha grossa e seca. Ele ficou tão agradecido que lambeu meu nariz. Dei-lhe depois comida. Agora de manhã, ao me ver, ficou tão feliz que deu pulos de alegria. Não sai de perto de mim e me acompanha pra todo lado. Depois publico foto do fofinho.
Quem disse que não há fortes emoções na serra?

domingo, 10 de setembro de 2017

ESTAMOS COMENDO MERDA?

Temos uma visão muito higienista e ingênua da política. Foi essa visão, esse purismo, que acarretou o impeachment da Dilma. Também Lula, em algum momento do passado, deve ter tido essa mesma visão, até que se deu conta de que para nadar no meio de tubarões é preciso saber negociar com eles. O perigo de tal atitude é que você come farelo junto com os porcos. Ou seja, você é percebido como um deles. Lula foi cobrado por ter recebido Renan no palanque nessa viagem ao nordeste e ele respondeu que, enquanto governou, Renan trabalhou para aprovar muitos projetos de interesse do país e que era grato a ele por isso. Lula teve de transigir para obter algum ganho e é assim que funciona. Também falou bem do Sarney, que o ajudou muito. Então, se o cara entra na política, tem que se preparar para lidar com todo tipo de gente. Há muita gente boa no Congresso, muitos parlamentares corretos e decentes, mas o povo acredita neles? Não, né? Estão todos enlameados. Lula falou em uma entrevista que, enquanto governou, vivia fazendo churrascos e festas para todos os parlamentares. Infelizmente, é assim que se governa, porque nenhum partido é grande o suficiente pra ter maioria parlamentar e, se não fizer alianças, se não comer farelo, termina como a Dilma. Todo mundo sabe que ela foi tirada do poder não pelos erros que cometeu, mas por não ter cedido às chantagens, por não ter comido com os porcos. E todo mundo sabe também que não há uma prova sequer contra Lula e que o motivo é um só: desmoralizá-lo a ponto de tornar sua candidatura inviável em 2018. Lula vem sendo investigado há 40 anos e nunca se descobriu nada contra ele. Se houvesse uma prova contra Lula imagina o escarcéu que a Globo faria. Agora há também os traidores, os bandidões, os ratos, como o drácula, o Aecim, o Geddel, Moreira Franco... Essa turma é da pesada. Eles estão envolvidos com o narcotráfico e são assassinos. Nunca vou me esquecer do sorriso cínico do Beira-Mar quando foi depor na CPI. Ele estava lá reconhecendo os chefões. Pois bem, até com essa turma, se você quiser ser um dia presidente da República, terá de negociar. E sem essa de colher de merda. Nossa colher nem merda tem. Tá todo mundo fodido.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

DE RATOS E HOMENS

Cada dia que passa, mais cresce a minha admiração pela Dilma Rousseff. Eu a imagino aos 19 anos, presa nos porões da ditadura militar, sofrendo violência e tortura para denunciar seus companheiros de militância. Aquelas frágeis vidas dependiam da coragem e bravura de uma jovem. E, como disse Dilma algumas vezes quando entrevistada, a tortura dói, "dói muito" - várias vezes repisou estas duas palavras, que provocaram admiração na grande jornalista americana Christiane Amanpour, quando a entrevistou. 

Anos depois, ao assumir a presidência do Brasil, brigou com todo mundo para fazer o que achava justo, honesto e necessário. Dilma se imolou corajosamente para manter-se fiel aos seus princípios de honestidade e zelo pela coisa pública. Não transigiu no que lhe era caro, foi brava e forte. Eita mulher cabra da peste! Eu me orgulho de ter tido uma presidenta com essa verve.


Infelizmente, o mesmo não posso dizer de Antonio Palocci, e com isso não estou defendendo quem quer esteja envolvido em malfeitos. Tive a paciência de ouvir toda a delação dele, de quem sempre ouvi falar bem e de ser apontado como pessoa de alta capacidade intelectual. Mas uma coisa me chamou a atenção: foi quando li que ele não estava aguentando a prisão e pensava negociar uma delação. Dizia-se que estava sofrendo com a tortura impingida a todos os potenciais delatores de Lula. Vivia sob pressão para delatar o amigo. Veja bem, eu disse amigo. E aí me surpreendo com uma delação sem provas. Não estou aqui dizendo que Palocci mentiu. Acredito que tenha dito muitas verdades, menos as que se referiam a Lula e Dilma. E por quê? Porque, por mais que quisesse aparentar normalidade, notava-se um certo constrangimento, a impressão de que aquilo que dizia fora ensaiado. O que me chocou na inquirição de Palocci foram dois fatos que reputo importantes: o primeiro é a frieza, beirando o cinismo em algumas ocasiões. Palocci denuncia o agora ex-amigo, sem apresentar uma única prova. Ele diz, por exemplo, que não estava presente quando tal fato ocorreu, mas que Lula lhe contou. Difícil provar isso, porque é a palavra de um contra o outro. Ele confessa ilícitos dos quais, se Lula não tomou conhecimento na ocasião, deve estar agora profundamente decepcionado. O outro fato é que quando arguido pelos advogados de Lula e de Roberto Teixeira, ele não encarou nenhum dos dois. Manteve-se de costas o tempo todo. Sou muito ligada na linguagem do corpo e isso não me caiu bem. Na verdade, Palocci, a quem antes admirava, revelou-se para mim o que talvez ele tenha sempre sido: um dissimulado, um sujeito covarde que não hesita em atirar na fogueira o próprio amigo. E volto a dizer: sem provas.


Para Lula, o prejuízo moral e político vai além do judicial. Não existem provas contra ele.
Mas o tempo é amigo da verdade e ela há de aparecer um dia. Eu continuo acreditando na inocência de Lula e por isso deixo aqui registrado meu profundo desapontamento com a atitude de Palocci. E fica a pergunta: pode-se culpá-lo por ser fraco e covarde, por não ser da mesma estirpe de Dilma Rousseff?

DOCUMENTÁRIO: JOVEM AOS 50 - A HISTÓRIA DE MEIO SÉCULO DA JOVEM GUARDA, 2017 (2 horas de duração)

Recentemente, aderi à TV a cabo e ontem, casualmente, assisti ao documentário acima. Foram 2 horas em ótima companhia, com direito a boas risadas e a constatação de que havia um certo clima de ingenuidade nos idos dos anos 50 e 60. O documentário inicia contando como foi o surgimento do rock'n roll e seu impacto nos jovens brasileiros. Fala dos diversos artistas e grupos que se formaram desde então, incluindo casos dos bastidores, como o que contou Paulo Silvino, que me faz rir até agora. Sem querer estragar a surpresa de quem pretende ver, falo do episódio do contrabaixo, acontecido entre o comediante e o Carlos Imperial. Vi ontem, no canal Viva. Quem se interessar, olhe a programação, porque eles costumam repetir. Se você gosta de música e de entretenimento leve, este é um programa ideal.

MICHELANGELO - UMA VIDA ÉPICA

Finalmente, terminei de ler o livro de Martin Gayford sobre um dos maiores gênios da Humanidade. Comecei a ler esse tijolo de quase 800 páginas faz tempo e demorei um tempão, porque só leio pela manhã, quando tomo meu solzinho. Eu bem queria comprar a tradução em português, por causa das gravuras, mas na época, há uns 8 meses, custava R$130,00 (hoje, "com inflação baixa", R$150,00). Tive de me contentar com a versão espanhola, pela qual paguei, pela Amazon, apenas R$30,00, na versão Kindle. Dou todos esses dados para os que se interessarem pelo assunto.
O autor dá uma visão quase psicológica do caráter excêntrico (e não podia ser de outro modo) de Michelangelo, contando sua vida e abordando, com riqueza de detalhes,sua magnífica obra. É leitura pesada, recheada de muita informação (tem mais de 1000 notas), porque requer idas e vindas no livro, para entender melhor os desafios da criação e os fatos históricos que determinaram a execução de cada obra. Interessantíssimo e eu recomendo a historiadores e/ou pessoas interessadas em arte e que tenham, acima de tudo, uma paciência à toda prova. Para esses, a leitura valerá a pena.

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...