Em tudo, ontem foi um dia especial. Saí pra fazer umas compras à tarde e, de repente, olho pra vitrine da padaria e vejo uns sonhos, todos deitadinhos na bandeja, com seus cremes amarelos saindo pela borda e suas roupinhas de açúcar. Pareciam bebezinhos num berçário. E eles me diziam: "me leva".
Aí eu me lembrei que quando criança, e como sofrida filha mais velha, cabia a mim ir todos os dias à padaria. Enquanto o moço embalava o meu pedido, eu olhava cheia de desejo para os sonhos na vitrine. Ah, como eu gostava deles! De vez em quando, minha mãe me dava um trocadinho e dizia: "compre um docinho pra você." E eu comprava meu sonho.
Anos depois, a caminho de Búzios, passei por uma padaria que vendia sonhos. Parei o carro e fui me deliciar com um deles. Era uma época em que os sonhos eram permitidos. Não havia ainda os que hoje dizem pra tudo: "engorda".
Tudo isso me passou pela cabeça enquanto eu olhava para os sonhos. Acabei atendendo o apelo deles. Levei um pra casa. E me deliciei.
De vez em quando, a gente tem de voltar à infância.
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