Ontem, eu devia prosseguir em minha viagem à Rússia, mas algo aconteceu e não consegui postar nada. Foi ontem que soube que Alda está morrendo num leito de hospital. A medicina parece não poder fazer muita coisa por ela. A notícia me entristeceu. Entristeceu também as filhas, que choraram quando falávamos de Alda pelo Skype.
Meu relacionamento com ela começou há muitos anos. Tornamo-nos grandes amigas, mesmo sendo ela uns 10 anos mais velha do que eu. Com o tempo e por problemas familiares, algumas rusgas vieram conturbar nossa amizade. Brigamos e ficamos de mal algumas vezes. O importante, porém, é que conseguimos superar os diversos incidentes e continuamos nossa amizade.
Uma vez, quando nossos filhos eram crianças, ela me disse algo que ficou para sempre dentro de mim; "Você é a única pessoa a quem posso confiar meus filhos, caso algo me aconteça." Alda havia perdido o marido, que morrera em seus braços, de um ataque cardíaco. O pai, a quem muito amou, morrera três anos antes. Essas duas perdas importantes provocaram mudanças em Alda e nossa amizade se estreitou.
Sempre vou lembrar dos almoços e jantares que ela fazia com capricho e carinho, se esforçando para agradar os convidados. Alda tinha esse tipo de preocupação: gostava de ver seus convivas felizes. Eu mesma e minhas filhas participamos de vários desses acepipes. Sim, os almoços e jantares que Alda preparava eram verdadeiros banquetes, e todos eram feitos com muito amor. Era a sua forma de expressão.
Como todo ser humano, Alda tinha também seu lado desagradável, ranzinza e peçonhento. Era teimosa até a raiz dos cabelos, arrogante, muitas vezes, e algumas delas impiedosa. Quando convivemos com as pessoas temos sempre a tendência de olhar com lente de aumento os defeitos e "esquecer" as qualidades. Isso, claro, acontecia no nosso relacionamento, mas se ele durou tantos anos foi porque soubemos superar, eu e ela, os defeitos de ambas e, no final, nossas qualidades prevaleceram.
Os últimos anos têm sido de perda para mim e eu não consigo me acostumar com o fato de estarmos aqui de passagem. Não posso me conformar em perder a amiga, mas tenho de aceitar o inevitável.
Alda, querida, vá em paz e que Deus te acompanhe. Eu serei eternamente sua amiga.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O CLIMA DO ANO
Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...
-
Minha mãe costumava usar esse dito, para nosso espanto de criança, porque não atinávamos com o significado. Com o tempo fomos enten...
-
As meninas estavam excitadas. Íamos acampar em Prado, no sul da Bahia, e elas anteviam a diversão e a oportunidade de terem o pai e a mãe j...
-
Acordei pensando nas cigarras. Por onde elas têm andado? Pra mim, verão de verdade tem de ter coisas como o canto das cigarras, flamboyants ...
Um comentário:
Lembro-me das inumeras vezes em que passei meus finais de semana na casa dela me deliciando com os seus quitutes...Tia Alda é e sempre será especial para mim,e também ela é a minha madrinha!!!
QUE DEUS A ABENÇOE JUNTO COM A VOVÓ ROSINA E O VOVÔ DANIEL QUERIDO...Beijosssssssssss
AMO VCS!!!
Postar um comentário