Hoje de manhã, enquanto tomava banho, me veio à memória que há bem pouco tempo eu não conseguia fazer uma operação tão simples quanto essa. Eu não podia tomar meu banho sozinha e isso me incomodava muito. É horrível ter a nossa privacidade assim tão devassada. Talvez por isso, para esquecer esse sofrimento, eu tenha ficado um bom tempo assistindo aos programas mais esdrúxulos da TV.
Antes do acidente, gostava muito daqueles que podiam ser considerados como "barra pesada". Minha série favorita era a premiadíssima "A Sete Palmos", e quando eu revelava minha preferência as pessoas faziam caretas. Gostava também dos documentários do History Channel, Natgeo e Discovery. Eram os meus canais preferidos.
Já no hospital comecei a ver a TV "trash" e conseguia me encantar com os programas da Márcia e do Ratinho. Em casa, continuei a ver isso que chamam porcaria e as minhas filhas não conseguiam entender como conseguira passar do luxo ao lixo. Nem eu mesma conseguia dizer por quê.
Enquanto tomava banho, tentava avaliar o porquê dessa mudança súbita de comportamento. A verdade é que não foi só o meu modo de encarar as coisas que mudou - tudo em mim mudou. Meu cabelo caía aos tufos, minhas unhas estavam manchadas e enrugadas e, o mais impressionante: perdi o apetite. Reclamava quando exageravam na quantidade de comida que punham no meu prato e muitas vezes tive de fazer de conta que apreciava o que estava comendo. Eu não conseguia sentir o paladar da comida e, consequentemente, não desfrutava do que comia. Logo eu que antes fora uma glutona. Emagreci.
Hoje, quando olho como estou agora e lembro de como estava antes, vejo como avancei, como consegui superar o que antes parecia insuperável. Meu apetite voltou ao normal (foi a primeira coisa). Meu cabelo parou de cair e voltou a se encher, como era antes, e minhas unhas estão rosadas e firmes. Não sabia, mas esses são indicativos de doença. Não estou mais doente. Estou bem e confiante e, detalhe, já não curto mais os programas "trash".
Estou quase voltando a ser o que era antes. Graças ao meu bom Deus, graças a fé em mim mesma e graças aos grandes amigos que me apoiaram o tempo todo. Sim, é verdade, se conseguimos reunir tudo isso a podemos superar os piores momentos na vida.
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