Abro um parêntese para falar de um assunto que chamou minha atenção.
Em meio à folia do Carnaval, uma nota no jornal me deixou triste. Encontraram uma menina morta no Aterro, perto do MAM. Segundo a polícia, ela foi a infeliz vítima de um pedófilo e tinha entre seis e oito anos de idade. Seu corpinho indefeso ainda exibe as marcas da violência de que foi vítima.
Acompanhei a notícia no dia seguinte. Nem o pai nem a mãe apareceram para reclamar o corpo. Nenhum parente, ninguém. Era uma menina de rua, possivelmente, que estava fantasiada e feliz, no dia de sua morte.
Fiquei pensando naquelas mães que sofrem com o desaparecimento de seus filhos. Elas fazem vigília nos prédios públicos, querendo chamar a atenção das autoridades. Esperam ter notícias e não perdem a esperança de um final feliz. Mas há aquelas que pressentem que não vão ver seus filhos outra vez e reclamam seus corpos.
Ninguém reclamou o corpo da menininha morta. Qual era o seu nome? Quantos anos tinha? Que carência de afeto tão grande a levou a confiar no homem malvado? Tinha irmãos? Do que gostava? Qual era o seu sonho? Onde andam seus pais? Por que não aparecem?
Essas perguntas permanecem sem resposta. Ninguém reclamou o corpo da menina morta. E há quatro dias ela está sozinha, abandonada numa gaveta da geladeira do IML, correndo o risco de ser enterrada como indigente. Não pode haver solidão maior. Pobre menininha. Descanse em paz.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
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