Toda vez que me sentia abatida, as técnicas de enfermagem cuidavam de me fazer ver que obstáculos são normais no processo de recuperação, o que importava era eu estar viva. Ouvi isso tantas e tantas vezes... Viver, no entanto, requeria muita paciência e coragem. E eu muitas vezes fraquejava. As dores, a insônia e uma constipação que eu nunca tivera antes me atormentavam. Desistir parecia tentador.
Mais uma técnica de enfermagem veio se juntar a Adriana e Nekar. Era a Zini, uma bela e simpática moça. Apesar de jovem, já era mãe de quatro filhos, a mais velha com vinte anos. Tinha uma história de vida muito acidentada. Fora negligenciada pela mãe e não conhecera o pai. Morava longe e o pai de seus filhos tinha idade para ser seu pai também. Ele a explorava, gastando o salário que ela ganhava com tanto sacrifício. Mas Zini não pensava em deixá-lo e se conformava com aquela situação. Zini era generosa, mas profundamente imatura e muito inconstante. Tinha a idade emocional de um bebê, mas ela me ajudou muito.
Finalmente, chegou a notícia de que eu iria para um quarto particular – o Céu, em comparação com a UTI (o Inferno) e a Semi-Intensiva (o Purgatório). Foi um dia muito feliz, ansiosamente sonhado e aguardado. Os técnicos de enfermagem me contavam o que soavam maravilhas para os meus ouvidos e eu mal podia esperar o momento da transferência.
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