De volta ao quarto, Aschenbach segue lembrando a conversa com Alfred.
Para quem goste de filosofia e queira ouvir o diálogo integralmente:Alfred: Seu grande equívoco, meu caro amigo, é considerar a vida, a
realidade, como uma limitação.Aschenbach: E ela não é exatamente isso?
A realidade apenas nos distrai e degrada. Sabe, às vezes eu penso que os
artistas se parecem mais com caçadores que atiram no escuro. Não sabem qual é o seu alvo, nem tampouco se o atingiram.
Mas não se pode esperar que a vida ilumine o alvo e estabilize a sua mira. A criação da beleza e da pureza é um ato espiritual.
Alfred: Não, Gustav. Não! A beleza pertence aos
sentidos. Somente aos sentidos!
Aschenbach: Você não tem como alcançar o espírito... Você não tem como alcançar o espírito através dos sentidos. É somente através do absoluto controle dos sentidos que se pode, algum dia, alcançar sabedoria, verdade e dignidade humana.
Alfred: Sabedoria? Dignidade humana? Para que servem? O gênio é uma dádiva divina. Não! Uma punição divina. Uma chama breve e pecaminosa de dons naturais.
Aschenbach: Eu rejeito, eu rejeito as virtudes demoníacas da arte!
Alfred: E você está errado! O mal é uma necessidade, é o próprio alimento do gênio.
http://www.youtube.com/watch?v=uacolGxksR0
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