Nota: Nunca uso cor para falar do acidente. A exceção foi na parte 1 de “Ouvindo a voz interior” e eu o fiz para homenagear a foto belísissima do Universo, tirada pelo telescópio Hubble.
Antes mesmo de terminar os sete dias de tratamento, eu já me sentia melhor. Era incrível. Fui à rua e senti mais firmeza no caminhar. Ainda me pesavam os quadris, mas esse incômodo seria corrigido com alongamentos. Faltavam ainda muitas etapas a vencer. Era preciso calma. O passo mais importante eu acabara de dar, graças à minha intuição, graças a ter ouvido a minha voz interior.
Estava morando sozinha e era vital poder ir à rua sem sentir a dor que quase me fazia chorar e querer desistir no meio do caminho. Era uma dor torturante, que me fazia parar no meio do caminho e ter de esperar que ela passasse. A filha do meio sabe do que estou falando. Aquela dor quase conseguia me tirar o prazer de viver e não passara totalmente, mas eu já me sentia melhor. Ainda precisava dos analgésicos, mas muito menos que antes. “Meu Deus, muito obrigada por mais este milagre”.
Antes do acidente, eu gozava de uma saúde estupenda. Fazia exercícios físicos diariamente, inclusive aos sábados. Meus movimentos eram livres e eu sentia a alegria de viver das pessoas saudáveis. Com o acidente, tudo mudou, a começar pelo meu humor. Eu me irritava com muita facilidade e chorava frequentemente. Ainda me irrito, mas o choro, antes transbordante, está agora mais contido, quase normal. Sim, o trauma está passando. Dentro em breve vou poder ter uma vida normal. E é essa certeza que me faz seguir adiante.
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