Hoja faz um ano que tive alta do hospital, depois do acidente. Ao acordar, não me lembrava. Só me dei conta quando liguei a TV para assistir ao noticiário, se é que se pode chamar de noticiário o que uma grande empresa de telecomunicações faz com seu público: informa apenas o que lhe convém, em detrimento do bom jornalismo. É revoltante. Ainda bem que o povo não é bobo. Mas não é disso que quero falar.
Quero falar da emoção que senti ao chegar em casa naquele dia, que estava tão nublado e triste como hoje, mas para mim era como se o sol estivesse a brilhar no céu. Fui transportada em maca do quarto onde estava internada até a ambulância. No caminho, me despedi do pessoal da enfermagem que me tratou com tanto carinho. Em pouquíssimo tempo, cheguei à portaria do prédio onde moro. A ambulância estacionou do lado de fora. Abriram a porta e tiraram a maca onde eu estava. Da maca, me transferiram para uma cadeira de rodas.
Quem nunca ficou deitado muito tempo não imagina o que é se sentar pela primeira vez. Dá um pouco de tonteira no início, o pescoço não gira normalmenta na cabeça e a gente fica meio parecido a um robô, mas é incrível a emoção de ver o mundo, as pessoas e tudo ao redor a partir de outra perspectiva.
Entrei no elevador e minha cunhada atendeu a porta. Ela havia chegado mais cedo para arrumar a casa e fazer um almoço de recepção para mim. Na saída do elevador, já se podia sentir o cheiro gostoso da comida que ela estava preparando. Ao entrar em casa, uma equipe de enfermagem me aguardava para as primeiras instruções. A partir daquele momento eu não estaria apenas deitada. Iria usar a cadeira de rodas para me locomover.
Era como se recebesse uma carta de alforria. Ia sair da prisão do leito para uma cadeira de rodas. Para muitos, isso pode parecer apenas uma extensão da tragédia. Para mim, era um novo ciclo de vida que se iniciava. Eu ia superar tudo e, em muito breve, iria dar meus primeiros passos.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O CLIMA DO ANO
Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...
-
Minha mãe costumava usar esse dito, para nosso espanto de criança, porque não atinávamos com o significado. Com o tempo fomos enten...
-
As meninas estavam excitadas. Íamos acampar em Prado, no sul da Bahia, e elas anteviam a diversão e a oportunidade de terem o pai e a mãe j...
-
Acordei pensando nas cigarras. Por onde elas têm andado? Pra mim, verão de verdade tem de ter coisas como o canto das cigarras, flamboyants ...
Um comentário:
Lembro deste dia perfeitamente...que dia né mãe,um dia abençoado demais!!!
bjssssss
Postar um comentário