Fui bem recebida pelas secretárias e entrei logo no palco onde a outra parte da minha tragédia ia se desenrolar.
Ele estava de pé, segurando uns papéis, e perguntou polidamente se eu estava bem. Evidentemente, não estava interessado no que eu ia dizer. Mal respondi e ele disparou: “infelizmente as notícias não são boas, não conseguimos segurar a sua vaga por causa da longa ausência, e então vou ter de demitir você, mas você pode ficar até o fim do ano (era início de novembro), e você vai ter todos os direitos, vamos pagar por todos esses anos trabalhados e vamos lhe dar um plano de saúde com validade de um ano, não se preocupe que tudo vai ficar bem e se alguma coisa não der certo, se não estiver satisfeita,fale comigo.” Eu mal conseguia acompanhar o que ele dizia. Parecia que tinha entrado num torvelinho. Consegui voltar a mim e fiquei estranhamente calma, de repente, não sei se foi pela indignação que senti naquela hora. Quando entendi o que não queria entender, respondi: “Estou sendo atropelada pela segunda vez.” Ele me olhou entre assustado com a minha não esperada reação e sem graça e, pela primeira vez, desde que botei meus pés naquela sala, se calou.
Não sabia mais o que dizer e, quando dei por mim, estava agradecendo (por aquele desastre) e aí ele se recuperou e deu por encerrada a conversa. Saí daquela sala em transe, passei pelas “meninas” como se fosse um robô e mal consegui articular alguma palavra. Não consegui dizer "tchau" e muito menos "adeus".
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Um comentário:
Que situação,mas saindo de cabeça erguida sempre...seu trabalho lá foi maravilhoso!
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