quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cuidado com o que você vê e ouve na TV

Não sou professora, não entendo nada de Educação, mas hoje, lendo o Le Figaro, dei de cara com uma reportagem que vi na TV esta semana.  Aqui como na França, reclama-se do baixo nível educacional e critica-se o modo como o governo lida com a questão.  Estou falando do resultado da pesquisa da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Para quem não sabe, assim como eu não sabia, a cada três anos o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), da OCDE, avalia leitura e conhecimentos de matemática e ciências de alunos de 15 anos ou mais de 65 países do mundo, matriculados a partir da 7a. série do Ensino Fundamental.

O Brasil obteve 412 pontos, ficando em 51o. lugar.  Olhando assim, parece um resultado pífio, mas os mais de 20 mil estudantes que participaram da pesquisa conseguiram um avanço de 30 pontos em matemática em relação a 2006, data da última avaliação.  Em leitura, superaram a faixa dos 400 pontos, chegando a 405.  Pularam dos 390 pontos em ciências para 405.  Há 9 anos o Brasil vem apresentando bons resultados. 

Mas por que estou falando deste assunto?  Porque a Globo exibiu a matéria baixando o pau no Brasil, comparando nossos resultados aos da Albânia, Colômbia, Jordânia e, pasmem!, Argentina.  Acontece que eles se "esqueceram" de alguns detalhezinhos importantes.  E é disso que vou falar, porque também não sabia.  Como disse, graças ao jornal francês pude entender o jogo sujo embutido na notícia.

Nesta última avaliação, três países integraram a pesquisa: Taiwan, Macau e Hong Kong.  Xangai (China) obteve o 1o lugar, seguido da Coreia do Sul, em 2o., Finlândia em 3o. e Hong Kong em 4o.  China e Coréia do Sul desbancaram a Finlândia.  Aliás, a Ásia ficou com os melhores resultados, enquanto à Europa e Estados Unidos restou mesmo muita preocupação.  A queda do nível educacional em países desenvolvidos vem se acentuando.  Suécia e Irlanda tiveram resultados ruins, enquanto Alemanha, Itália e Portugal tiveram melhor performance graças às medidas que passaram a adotar.  O Brasil se inclui entre estes países.

No Le Figaro de hoje há uma matéria sobre a Coreia do Sul.  Lá, os jovens são obrigados a estudar à exaustão.  Em época de provas importantes, eles não dormem mais do que 5h30 por dia.  Em dias normais, além de estudarem de 8h às 18h, eles ainda enfrentam aulas noturnas, indo dormir muito tarde da noite.  Para o país, o sucesso escolar está associado ao êxito profissional e financeiro.  É tanta a obsessão da Coreia do Sul com a educação que o presidente Barack Obama tem pedido a alunos e professores americanos que se inspirem no modelo coreano.

Há muito mais para se dizer, mas o mais importante mesmo é não aceitar como verdade tudo o que se vê e se ouve na TV.  Especialmente quando se sabe que essa TV se envolveu até o pescoço com o candidato derrotado, chegando a passar por uma situação ridícula.  Segue tabela (não está muito legível) que mostra os bons desempenhos.  Observem que o Brasil aparece nela (é o antepenúltimo).

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