sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

VIDA NA ROÇA - O CREPÚSCULO VESPERTINO

Gosto do me sentar na varanda ou perto do pé de cerejeira e ver as luzes do dia se apagando no céu. É a despedida do sol e ele sai em grande estilo, colorindo tudo de rosa e amarelo. Ao longe, nuvens azuis mais escuras tentam tomar o lugar dos flocos de nuvens cor de neve, prenunciando o anoitecer. É nessa hora que cai um silêncio estranho sobre a natureza: os passarinhos se recolhem ao ninho e deixam de cantar - não se ouve um pio. Tento parar de pensar e me concentrar exclusivamente no espetáculo que se desenrola diante de mim. Mas em vão.
 
Me lembro de uma vez em que caminhava pela rua São Clemente, indo na direção do Humaitá, quase em frente à Casa de Portugal. Parei e olhei para o céu. O que vi me deixou estatelada. O céu estava todo coberto de um manto rosa, púrpura, azul, amarelo, laranja, vermelho - um dos céus mais lindos que já vi na minha vida. Apaixonada pelo que via, não me contive, parei um transeunte e lhe disse, apontando o céu: "Olha de coisa linda!" O homem olhou pra mim primeiro, depois levantou o olhar pro alto por apenas um segundo e seguiu em frente. Parecia decepcionado. Talvez esperasse um OVNI ou um choque de aviões, quem sabe? Só eu fiquei ali parada, esperando as cores irem pouco a pouco esmaecendo até dar lugar à noite, como ontem. Nessa hora, o silêncio se aprofunda, como em reverência, e as estrelas, uma a uma, começam a acender-se, deixando o céu todo estrelado.
Hora de entrar.

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