Cada dia que passa, mais cresce a minha admiração
pela Dilma Rousseff. Eu a imagino aos 19 anos, presa nos porões da
ditadura militar, sofrendo violência e tortura para denunciar seus
companheiros de militância. Aquelas frágeis vidas dependiam da coragem e
bravura de uma jovem. E, como disse Dilma algumas vezes quando
entrevistada, a tortura dói, "dói muito" - várias vezes repisou estas
duas palavras, que provocaram admiração na grande jornalista americana
Christiane Amanpour, quando a entrevistou.
Anos depois, ao assumir a presidência do Brasil, brigou com todo mundo para fazer o que achava justo, honesto e necessário. Dilma se imolou corajosamente para manter-se fiel aos seus princípios de honestidade e zelo pela coisa pública. Não transigiu no que lhe era caro, foi brava e forte. Eita mulher cabra da peste! Eu me orgulho de ter tido uma presidenta com essa verve.
Infelizmente, o mesmo não posso dizer de Antonio Palocci, e com isso não estou defendendo quem quer esteja envolvido em malfeitos. Tive a paciência de ouvir toda a delação dele, de quem sempre ouvi falar bem e de ser apontado como pessoa de alta capacidade intelectual. Mas uma coisa me chamou a atenção: foi quando li que ele não estava aguentando a prisão e pensava negociar uma delação. Dizia-se que estava sofrendo com a tortura impingida a todos os potenciais delatores de Lula. Vivia sob pressão para delatar o amigo. Veja bem, eu disse amigo. E aí me surpreendo com uma delação sem provas. Não estou aqui dizendo que Palocci mentiu. Acredito que tenha dito muitas verdades, menos as que se referiam a Lula e Dilma. E por quê? Porque, por mais que quisesse aparentar normalidade, notava-se um certo constrangimento, a impressão de que aquilo que dizia fora ensaiado. O que me chocou na inquirição de Palocci foram dois fatos que reputo importantes: o primeiro é a frieza, beirando o cinismo em algumas ocasiões. Palocci denuncia o agora ex-amigo, sem apresentar uma única prova. Ele diz, por exemplo, que não estava presente quando tal fato ocorreu, mas que Lula lhe contou. Difícil provar isso, porque é a palavra de um contra o outro. Ele confessa ilícitos dos quais, se Lula não tomou conhecimento na ocasião, deve estar agora profundamente decepcionado. O outro fato é que quando arguido pelos advogados de Lula e de Roberto Teixeira, ele não encarou nenhum dos dois. Manteve-se de costas o tempo todo. Sou muito ligada na linguagem do corpo e isso não me caiu bem. Na verdade, Palocci, a quem antes admirava, revelou-se para mim o que talvez ele tenha sempre sido: um dissimulado, um sujeito covarde que não hesita em atirar na fogueira o próprio amigo. E volto a dizer: sem provas.
Para Lula, o prejuízo moral e político vai além do judicial. Não existem provas contra ele.
Mas o tempo é amigo da verdade e ela há de aparecer um dia. Eu continuo acreditando na inocência de Lula e por isso deixo aqui registrado meu profundo desapontamento com a atitude de Palocci. E fica a pergunta: pode-se culpá-lo por ser fraco e covarde, por não ser da mesma estirpe de Dilma Rousseff?
Anos depois, ao assumir a presidência do Brasil, brigou com todo mundo para fazer o que achava justo, honesto e necessário. Dilma se imolou corajosamente para manter-se fiel aos seus princípios de honestidade e zelo pela coisa pública. Não transigiu no que lhe era caro, foi brava e forte. Eita mulher cabra da peste! Eu me orgulho de ter tido uma presidenta com essa verve.
Infelizmente, o mesmo não posso dizer de Antonio Palocci, e com isso não estou defendendo quem quer esteja envolvido em malfeitos. Tive a paciência de ouvir toda a delação dele, de quem sempre ouvi falar bem e de ser apontado como pessoa de alta capacidade intelectual. Mas uma coisa me chamou a atenção: foi quando li que ele não estava aguentando a prisão e pensava negociar uma delação. Dizia-se que estava sofrendo com a tortura impingida a todos os potenciais delatores de Lula. Vivia sob pressão para delatar o amigo. Veja bem, eu disse amigo. E aí me surpreendo com uma delação sem provas. Não estou aqui dizendo que Palocci mentiu. Acredito que tenha dito muitas verdades, menos as que se referiam a Lula e Dilma. E por quê? Porque, por mais que quisesse aparentar normalidade, notava-se um certo constrangimento, a impressão de que aquilo que dizia fora ensaiado. O que me chocou na inquirição de Palocci foram dois fatos que reputo importantes: o primeiro é a frieza, beirando o cinismo em algumas ocasiões. Palocci denuncia o agora ex-amigo, sem apresentar uma única prova. Ele diz, por exemplo, que não estava presente quando tal fato ocorreu, mas que Lula lhe contou. Difícil provar isso, porque é a palavra de um contra o outro. Ele confessa ilícitos dos quais, se Lula não tomou conhecimento na ocasião, deve estar agora profundamente decepcionado. O outro fato é que quando arguido pelos advogados de Lula e de Roberto Teixeira, ele não encarou nenhum dos dois. Manteve-se de costas o tempo todo. Sou muito ligada na linguagem do corpo e isso não me caiu bem. Na verdade, Palocci, a quem antes admirava, revelou-se para mim o que talvez ele tenha sempre sido: um dissimulado, um sujeito covarde que não hesita em atirar na fogueira o próprio amigo. E volto a dizer: sem provas.
Para Lula, o prejuízo moral e político vai além do judicial. Não existem provas contra ele.
Mas o tempo é amigo da verdade e ela há de aparecer um dia. Eu continuo acreditando na inocência de Lula e por isso deixo aqui registrado meu profundo desapontamento com a atitude de Palocci. E fica a pergunta: pode-se culpá-lo por ser fraco e covarde, por não ser da mesma estirpe de Dilma Rousseff?
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