terça-feira, 16 de junho de 2015

VIDA NA ROÇA


Um dos meus maiores desejos era ter um vaso de avencas e outro de samambaia-chorona. Nunca pude tê-las, porque, lá na cidade, avencas são dengosas e requerem muita atenção. Uma atenção difícil, pela vida corrida que eu levava. E as samambaias não resistiriam às traquinadas das minhas meninas. Já havia perdido a esperança, até que vim morar na roça. Há avencas aqui aos montes. Uma vez, pedi a um jardineiro que me limpasse uma parede, porque a hera estava avançando muito. Ele deixou a parede no cimento e a exibiu, todo orgulhoso. Havia arrancado toda hera e, ainda por cima, as lindas avencas. Quase tive um troço, mas aprendi que jardineiros aqui, por causa da abundância da vegetação, acham que avenca é mato. Mas o ambiente na roça é tão propício que elas voltaram com toda força. Que bom! E as samambaias-choronas são mesmo do mato, e dão aos montes. Caem lindamente das ribanceiras e, ontem, o jardineiro botou uma delas num vaso pendurado. 

Estava lá no jardim pegando meu solzinho da manhã e pensando em avencas e sambambaias, quando um pássaro amarelo começou a cantar no galho mais alto da sibipiruna. Curiosa, chamei o jardineiro da casa ao lado pra saber o nome do pássaro. O bichinho se assustou com a minha voz e foi embora. Ainda sou muito estabanada e não aprendi a controlar meus impulsos. Minha grande ambição agora é conhecer os pássaros da região e reconhecê-los pelo canto.


E assim, entre avencas, samambaias e pássaros, vivo a vida que sempre sonhei.

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