Não me lembro como cheguei ao romancista japonês
Junichiro Tanizaki. O fato é que numa das minhas viagens consegui
comprar AS MAKIOKAS, a obra prima de Tanizaki, a preço de banana. Não é
original o que vou dizer, mas, pra mim, bom escritor é quem consegue
manipular com arte as palavras de tal forma a provocar emoções e
sensações. Quando digo isso, não posso deixar de lembrar de "Desonra",
de J.M. Coetze, ganhador do Nobel de literatura, que me assombra até
hoje. A história de AS MAKIOKAS é banal e talvez nem desperte o desejo
de leitura de alguns. Está ambientada no Japão pré-Segunda Guerra
Mundial. Tsuruko e Sachiko, as duas irmãs mais velhas da tradicional
família Makioka de Osaka, estão casadas e precisam casar Yukiko, antes
da irmã mais nova, Taeko. E até lá pela página 200 o romance gira em
torno dos candidatos à mão de Yukiko, todos minuciosamente investigados e
descartados, por não atenderem às exigências da família tradicional.
Yukiko, por sua vez, não demonstra a menor pressa, a menor emoção. O
leitor chega quase a desanimar do livro, porque é tudo tão anacrônico,
tão ultrapassado, mas é justamente este desconforto, essa exasperação
que Tanizaki quer causar. Yukiko e Taeko são a metáfora do velho e novo
Japão. Enquanto Yukiko é lenta, meditativa e misteriosa, Taeko tem sede
de viver, de se emancipar, de ser livre enfim. A partir da página 200
(por aí), o livro adquire tal dinamismo que é impossível largá-lo. Li as
últimas 330 páginas bem mais rápido que as 200 primeiras. Recomendo o
livro apenas para pessoas tranquilas, que curtem uma boa leitura. É
literatura de primeira.
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