segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

VIDA NA ROÇA


O verão na serra tem sido o mais ameno, desde que cheguei aqui. O dia amanhece devagar, com um sol meio preguiçoso, deixando poucas horas para o banho de sol, porque depois ele queima de verdade. Ao meio-dia, não me atrevo a ir lá fora. Mas lá pelas três da tarde, a gente começa a ouvir umas trovoadas ao longe. Elas me fazem lembrar das trovoadas dos verões da minha infância e dos banhos de chuva refrescantes.Quem nunca tomou banho de chuva no verão não sabe o que é felicidade verdadeira. Minha mãe dizia que as trovoadas eram a voz zangada de Deus e que Ele estava brigando comigo. Eu era muito levada, como são as crianças, mas o que mais aborrecia minha mãe é que eu era também malcriada e respondona, como dizia. Aliás, um defeito que ela mesma me passou. Mas Deus, claro, só se zangava comigo. E eu ficava quietinha, tentando me emendar, mas isso nunca aconteceu, até não muito tempo atrás, quando comecei a ficar realmente cansada das pessoas. Hoje em dia, só sou malcriada e respondona com aquelas que eu gosto. Com as outras, meu silêncio.

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