sexta-feira, 16 de março de 2012
COMOÇÃO NO MARROCOS COM O SUICÍDIO DE JOVEM VIOLENTADA
domingo, 26 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
ADEUS, MÃE
Hoje, ela faria 84 anos. Tinha medo de morrer e é com assombro que constato que está morta. Há precisamente 6 meses e 6 dias.
Nossa convivência foi muito difícil. Nunca a entendi. Ela nunca me entendeu. Nunca consegui me aproximar dela, porque ela parecia estar sempre mais distante.
Sua morte tem sido até o momento um susto para mim. Não a digeri, não a aceitei, também ela, tenho certeza, não a aceitou, porque gostava de viver. Com todos os problemas que a vida lhe trouxe, mesmo assim gostava de viver. E a vida lhe foi pesada e amarga.
Em seus momentos finais, pressentindo o que ia lhe acontecer, teve medo e não queria ficar só. Gritava socorro, chamava nosso nome, incessantemente. Como se o fato de estar em companhia pudesse afastar a morte de si. Não, ela não se atreveria a arrebatar-lhe a vida. Ela escaparia de suas garras. E mamãe tinha razão de ter medo: morreu só num leito de hospital. É isso o que mais lamento.
E custa-me crer que tenha morrido. Porque ela era cheia de vida e ria de tudo. Era debochada, irreverente, desbocada, livre. Transgressora, violenta algumas vezes mas, para quem teve a sorte de conhecer o outro lado, foi também generosa e carinhosa. Não comigo, infelizmente.
Não, eu nunca a aceitei. Verdade seja dita. E é também verdade que ela nunca me aceitou. Nosso relacionamento era superficial e isso sempre me surpreendeu e magoou. Tinha inveja de algumas amigas, via uma mãe carinhosa e a desejava.
Foi assim, mãe. Fomos duas estranhas uma para a outra a vida inteira. A verdade é que eu não soube lhe amar e nunca senti que você me amava. Talvez eu exigisse amor demais de você. Talvez você me amasse ao seu modo. Hoje em dia, prefiro pensar assim.
Mas eu celebro hoje a sua vida, lamento a sua morte, sofro por não termos sido amigas e rezo a Deus para que você descanse em paz. Rezo por você que tanto trabalhou e lutou na vida. Sei que você ia preferir estar cansada a estar morta. Também sei que não gostava de flores. Mas não tenho outra coisa para lhe dar hoje. Aceite-as, por favor.
E seja feliz onde estiver, mãe. Mais que tudo, desejo que tenha encontrado a paz.
Que Deus lhe abençoe. Amém.
Nossa convivência foi muito difícil. Nunca a entendi. Ela nunca me entendeu. Nunca consegui me aproximar dela, porque ela parecia estar sempre mais distante.
Sua morte tem sido até o momento um susto para mim. Não a digeri, não a aceitei, também ela, tenho certeza, não a aceitou, porque gostava de viver. Com todos os problemas que a vida lhe trouxe, mesmo assim gostava de viver. E a vida lhe foi pesada e amarga.
Em seus momentos finais, pressentindo o que ia lhe acontecer, teve medo e não queria ficar só. Gritava socorro, chamava nosso nome, incessantemente. Como se o fato de estar em companhia pudesse afastar a morte de si. Não, ela não se atreveria a arrebatar-lhe a vida. Ela escaparia de suas garras. E mamãe tinha razão de ter medo: morreu só num leito de hospital. É isso o que mais lamento.
E custa-me crer que tenha morrido. Porque ela era cheia de vida e ria de tudo. Era debochada, irreverente, desbocada, livre. Transgressora, violenta algumas vezes mas, para quem teve a sorte de conhecer o outro lado, foi também generosa e carinhosa. Não comigo, infelizmente.
Não, eu nunca a aceitei. Verdade seja dita. E é também verdade que ela nunca me aceitou. Nosso relacionamento era superficial e isso sempre me surpreendeu e magoou. Tinha inveja de algumas amigas, via uma mãe carinhosa e a desejava.
Foi assim, mãe. Fomos duas estranhas uma para a outra a vida inteira. A verdade é que eu não soube lhe amar e nunca senti que você me amava. Talvez eu exigisse amor demais de você. Talvez você me amasse ao seu modo. Hoje em dia, prefiro pensar assim.
Mas eu celebro hoje a sua vida, lamento a sua morte, sofro por não termos sido amigas e rezo a Deus para que você descanse em paz. Rezo por você que tanto trabalhou e lutou na vida. Sei que você ia preferir estar cansada a estar morta. Também sei que não gostava de flores. Mas não tenho outra coisa para lhe dar hoje. Aceite-as, por favor.
E seja feliz onde estiver, mãe. Mais que tudo, desejo que tenha encontrado a paz.
Que Deus lhe abençoe. Amém.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O LADO SOMBRIO
Em uma roda de amigos, um deles contava como seu irmão adotivo, gênio da matemática e dono de uma inteligência privilegiada, não conseguia executar uma tarefa tão simples como tirar o carro de uma vaga. E se divertia com a experiência por que passara quando o irmão insistira em dirigir o carro, mas não conseguia dar marcha-a-ré – o carro ia para frente, em vez de ir para trás. Por mais que lhe pedisse calma e explicasse o procedimento, o irmão não aprendia e repetia a mesma operação desastrada, até que o carro ficou todo amassado.
Também eu tive um amigo assim. Era um inglês que recebera distinção em física pela Universidade de Oxford. Eu mal consigo imaginar o que seja isso. Física é coisa que nunca entrou na minha cabeça e também nunca me esforcei para que entrasse, salvo nas provas objetivas do vestibular e, assim mesmo, me saía mal na matéria. Pois bem, esse homem também era dono de uma inteligência privilegiada e era o gênio da física. Tinha trabalhos publicados e criara um método que levava seu nome. Mas sua vida pessoal era um desastre. O primeiro casamento fracassou; o segundo, terminou em tragédia. Muitos anos depois de o conhecer e quando ele já estava quase à morte descobri que fora um homem violento. Fazendo uma pesquisa na internet, descobri que a segunda mulher morreu em circunstâncias misteriosas. O que se soube com certeza, na época, foi que ela levara uma tremenda surra, antes de morrer asfixiada pelo gás.
Por que será que pessoas tão inteligentes, capazes de solucionar problemas tão complexos de física e matemática, não conseguem resolver seus problemas pessoais? Não vejo outra explicação que não seja o lado sombrio. Todos nós temos nossas áreas de sombra. Lá ficam escondidos medos, frustrações, fobias, carências de afeto, timidez e toda uma gama de sentimentos complexos demais - quiçá mais complexos que qualquer equação matemática ou problema de física.
No primeiro caso, o gênio da matemática foi abandonado pela mãe. Não importa que tenha sido criado com carinho e amor por outra família. O afeto materno lhe faltou no início da vida. Com o tempo, ele tomou conhecimento desse abandono. E talvez a rejeição tenha-lhe provocado essa inabilidade. Quem sabe? Seria essa a explicação?
Já à beira da morte, meu amigo me contou uma história que talvez explicasse seu comportamento violento. A mãe o vestia como menina. Ela parecia não aceitar seu sexo e quem sabe essa negação lhe tenha causado uma crise de identidade? Quem pode saber?
Somos seres complexos demais e uma vida só não basta para nos conhecermos. Minha avó, na sua simplicidade, dizia: “Dorme com o Pedro e não conhece o Pedro”. Parece que construímos um muro em torno da nossa área de sombra. Não queremos saber o que há lá dentro. Melhor esquecer os problemas e tocar a vida para frente.
Mas lá adiante, numa curva qualquer da vida, as sombras se libertam e passam a nos perseguir. Não as conhecemos e não sabemos lidar com elas. Mesmo que sejamos gênios da matemática. Mesmo que sejamos gênios da física.
sábado, 27 de agosto de 2011
Desespero e Esperança
Em silêncio... O olhar perdido no vazio, essa mulher carrega nos braços seu bebê esquelético ao hospital Banadir de Mogadiscio, na Somália. Esse hospital concentra numerosas mulheres e seus filhos, que fogem dos campos atingidos pela seca e a fome. Elas chegam na maioria das vezes quase sem forças, após muitos dias ou semanas de caminhada. E o que mais acontece é que os órgãos de ajuda são insuficientes para salvá-las, especialmente porque suas bases estão repletas de pacientes. (Ismail Taxta/REUTERS)
Desafio. "Tornar possível o impossível", este é o desafio de Freddy Nock. Fiel a ele, o suiço conseguiu, na última segunda-feira, percorrer, sem segurança, uma boa parte dos 2.917 metros do cabo teleférico de Feuergokele, em Ebensee, Áustria, e assim realizar o mais longo trajeto sobre cabo. O artista de 46 anos, que estreou seu desafio na Alemanha, deve tentar mais cinco outros recordes, com o objetivo de angariar 70.000 francos suiços para ajudar as crianças pobres de Bangladesh. (Kerstin Joensson/AP/SIPA)
Obs.: Fotos e textos extraídos do Le Figaro de hoje.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Para Luciana, com amor
Nem sempre estivemos de acordo, nossos gostos muitas vezes conflitaram, nossos maneira de pensar algumas vezes nos levou a grandes discussões, chegando a desentendimentos e brigas. Ufa, como é difícil lidar com um ser tão querido e tão diferente de nós!
Lu surgiu na minha vida por acaso. Não era esperada, mas foi muito bem-vinda. E eu me lembro de como era dengosa, voluntariosa: "Também quero um consultório de mãozinha!!!" Consultório de quê? Que lingua está falando essa menina?
Lu nunca pedia - exigia. Enquanto a irmã era sempre diplomática, ela seguia a outra direção. Sempre foi explosiva, temperamental. Um vulcão em erupção, quando as coisas não saíam exatamente do jeito que queria. E esse vulcão ainda está ativo. Lu parece mantê-lo assim.
Mas por trás de tanta explosão, há um coração muito generoso, uma amiga sincera e um ser humano íntegro.
Lu é sensível, delicada e muito querida. Eu tenho muito orgulho dela, de suas conquistas, de seus planos para o futuro, do seu espírito de luta.
Para você, Lu, neste grande dia, Feliz Aniversário!!!!
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Minimamente Feliz
Uma querida e muito inteligente amiga me mandou esta mensagem, que reproduzo abaixo, porque reflete meu pensamento sobre a felicidade.
Minimamente Feliz
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.
Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.
Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.
A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.
Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.
Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.
Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.
Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.
Leila Ferreira, jornalista
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