OSCAR 2013

Sou de dormir cedo. Termina "Salve Jorge" e eu mal consigo manter os olhos abertos.

Pois ontem fiz o esforço de ver o Oscar, porque achei que seria emocionante ver Emanuelle Riva receber o prêmio de melhor atriz. Ela merecia. Foi a grande decepção da noite. 

Aliás, que programa mais sem graça esse Oscar. Todo ano a mesma coisa. Não é à toa que vem perdendo audiência ano a ano. Ontem, talvez tenha sido um dos piores. O apresentador era ridículo e nada engraçado. Era patético e até me deu pena.

Acho que seria constrangedor para a Academia reconhecer, pela segunda vez, que o cinema estrangeiro é bem melhor que o nacional. Ia pegar mal dar o prêmio de melhor filme a AMOR, assim como o de direção e melhor atriz. Se houvesse justiça, esse seria o resultado. E Jean-Louis Trintignant nunca ficaria de fora da disputa.

Mas o Oscar é um jogo de cartas marcadas. E o povo não é bobo. Desliga a TV e vai mesmo é dormir. É o que vou fazer no próximo.

AINDA O OSCAR

Falando de assuntos mais amenos, as atrizes melhores vestidas foram,na minha opinião, claro, Charlize Theron e Jessica Chastain, que estava deslumbrante no vestido cor de carne. Era de uma simplicidade e elegância extraordinárias. E aquele vestido branco da Charlize, que só tinha como detalhe o decote? Maravilhoso.

Por outro lado... Será que a Meryl Streep não tinha algo melhor para vestir? Ela se enrolou numa cortina de boate e foi vestida assim mesmo. E quantos premiados descabelados! Agora o troféu de pior vestida vai, como sempre, para a Helena Bonham Carter. Desta vez, ela se esqueceu de trocar a roupa que usou no filme "Les Misérables".
 

Qué buen actor es Gael García Bernal! En la película NO hay una escena en la que debe demostrar angustia y miedo. Y lo demuestra de manera impresionante.

Em 1973, vi pela TV o Palacio de La Moneda ser derrubado e un cinegrafista estrangeiro ser assassinado pelos militares, enquanto filmava as barbaridades cometidas por esses assassinos contra os civis. Desde esse dia, me tomei de amores pelo Chile e não descansei enquanto não visitei o país, em 1986. 

Atravessei a Cordilheira dos Andes de ônibus nesta que foi talvez a mais linda viagem que já fiz. Vi civis sendo agredidos pela polícia e passeatas serem violentamente reprimidas. Havia o toque de recolher, que cortava nosso barato no melhor da festa. No dia seguinte à minha saída, a fronteira foi fechada e fiquei sabendo pela TV que houve muita pancadaria. 

Foi, portanto, com emoção que assisti a NO, esse ótimo filme. Não deixem de vê-lo.

LINCOLN

Acabo de ver "Lincoln". Ok, o homem era extraordinário e comandou o país talvez no momento mais crítico de sua história. Imagino a solidão deste que foi um homem de visão, um democrata e de ideias avançadas demais para o seu tempo.

É filme épico e a produção é boa, mas é... SO BORIIING. Falta-lhe ritmo. Filme para americano. Eu diria o mesmo se tivessem filmado (não sei se já filmaram) a nossa Abolição da Escravatura com todos aqueles detalhes e diálogos infindáveis - uma chatice! 

É filme para historiadores e juristas. Como obra cinematográfica, Spielberg devia ter seguido o conselho do publicitário (Gael García Bernal) de NO. O que dá gosto de ver é o estupendo Daniel Day Lewis atuando. O Oscar é dele.

AMOR

Ando vendo os filmes que vão concorrer ao Oscar. Já vi "Amor", que deve ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro. Só acho injusto que Jean Louis Trintignant não tenha sido também indicado ao Oscar de melhor ator. Está ótimo!  O Oscar deve premiar a atuação estupenda de Emanuelle Riva, assim como o Cesar o fez.

Vi "Argo" e tanbém acho injusto que o filme de Ben Affleck não tenha sido indicado ao Oscar de melhor filme. Deve ser para não prejudicar "Lincoln".

Recomendo os dois filmes. O primeiro é muito sério e muito triste e só indico para gente adulta. O segundo, um ótimo thriller para quase todas as idades.

O AMANTE DA RAINHA

Tirei o domingo pra relaxar e ver os filmes concorrentes ao Oscar. Acabo de ver "O Amante da Rainha". Bem filmado, lindos figurinos, ótimas atuações, roteiro impecável... Estou em lágrimas. Mas apesar de gostar muito do filme, é impossível deixar de dar o Oscar de melhor filme estrangeiro para "Amor", uma jóia preciosa e comovente do início ao fim. Sem tirar o mérito do ótimo filme dinamarquês, "Amor" é obra de arte. Hanecke estava especialmente inspirado. "Amor" é uma lição de amor.

Notei que Kon-Tiki, filme norueguês, também concorre ao prêmio. Li há muitos anos o livro maravilhoso do Thor Heyerdaal, que deve ter inspirado o filme. A história é incrível e fala de um norueguês que se aventurou pelos mares, numa barca de papiro, para chegar à Ilha de Páscoa. Imagino que as imagens são belíssimas. Pretendo vê-lo mais tarde.

Vou tentar ver agora "The Master", porque adoro Joaquin Phoenix e vou comparar a atuação dele com a do excelente Daniel Day Lewis. Vai ser briga de leões.

FELIZ ANIVERSÁRIO, MAMÃE

Há dias venho pensando no seu aniversário. Ontem, estava tão distraída que só fiz bobagens. Mas hoje acordei com vontade de lhe fazer uma visita. Pensei em lhe levar flores, mas você sempre as detestou. Aliás, você é a única mulher que conheço que não gosta de flores. Sempre achei isso estranho.

Lembro de uma vez que você ganhou um belo corte de tecido cheio de flores. Eu o achei lindo, mas você o odiou e nunca fez nada com aquele tecido. Teria ficado lindo em você. O fundo era branco e as flores tinham um desenho suave. Aquele tecido daria um agradável contraste à sua pele morena, ao seu tipo mediterrâneo. Não me lembro o que você fez com aquele tecido. Só me lembro que você xingou seu parceiro de tudo que era nome. Você tinha um gênio terrível, mãe. Não tinha papas na língua e não se importava de magoar ninguém.

Hoje em dia, vejo que tenho muito de você, apesar de ter passado a vida inteira tentando ser completamente diferente. É incrível o que o sangue faz na vida da gente...

Mas eu fui visitar você, mamãe, porque precisava lhe dizer algo muito importante. Fui pedir seu perdão por não ter tido paciência com você nos seus últimos dias de vida. Eu sabia que você estava no fim. Você também sabia. Ficamos, ambas, estressadas. Eu me vi sozinha cuidando de você, sem saber o que fazer. Só sentia um nervosismo enorme. Perdão mais uma vez, mãe.

Também fui lhe dizer que entendia que você não gostasse de mim. Vamos ser sinceras, mãe. A gente não se amava. Não sei como começou, se fui eu com minha independência, e você gostava que a gente dependesse totalmente de você, ou se fui eu que a rejeitei. O fato é que eu olhava para você e não a via como minha mãe. Não pude lhe dar afeto e também não o recebi de você. Uma vida é curta demais para se saber tudo, perdoar tudo, aceitar tudo. A vida passou, mãe, e a gente mal se conheceu. Infelizmente.

Mas vamos deixar isso pra lá. Hoje é seu aniversário. Hoje você faria 85 anos. Que pena que não esteja aqui para festejar. Você gostava de festas, gostava da vida. Lamento sua morte, mãe. Só desejo que tenha encontrado a paz e o descanso, depois de tantos anos de luta.

Feliz aniversário, mãe.

A VOLTA AOS VELHOS TEMPOS

Um amigo meu, alemão, me disse, há um ano, que a Alemanha se preocupa com o crescente envelhecimento da população, e cogita não prolongar a vida de velhinhos em situação precária. Sem eufemismos, eles estão pensando mesmo é na eutanásia. O motivo, claro, é econômico. Há velhos demais sustentados pelo Estado.

Estamos voltando ao tempo - há uns 120 anos, mais ou menos - quando era comum as famílias matarem seus velhos e crianças, para não terem de alimentar "peso morto".

Agora, com a recente declaração do ministro japonês sobre os velhos e com a recessão mundial, é de se temer que já esteja em ação um plano de extermínio cuidadoso, discreto e bem planejado dos idosos. 

Quem viver, verá.