quinta-feira, 15 de julho de 2010

O cheiro do pão doce

Pois é, veio a Copa do Mundo e também a preguiça.  Vi quase todos os jogos, porque adoro futebol, embora entenda pouco do esporte.  Com isso, deixei de lado minhas postagens.  E houve quem reclamasse, para minha alegria.  É por isso que volto a escrever.  Pretendo continuar descrevendo a viagem que fiz a São Petersburgo, esse lindo passeio que abandonei por pura malandragem.  Mil desculpas a quem estava me acompanhando.

Antes de continuar a viagem, queria contar uma experiência interessante que me aconteceu ontem à tarde.  Tive de comparecer, debaixo de toda a chuva que caiu, ao Tribunal Cível, para uma audiência de conciliação com a Oi - essa empresa que presta um desserviço à população e agora passou a assaltar o bolso do consumidor.  Não houve consenso e a ação que ajuizei vai a julgamento daqui a quinze dias. 

Saí do Tribunal frustrada com o impasse e segui caminhando pela Jardim Botânico, na volta para casa.  Atravessei a rua, porque queria conhecer o novo mercado Zona Sul (meu preferido) aberto recentemente.  Foi então que senti o cheiro do pão doce, por um instante fugaz.  Estava perto de uma padaria e era lógico que o cheiro devia vir de lá.  Mas não.  O cheiro não vinha de parte alguma, apenas da minha imaginação.  Por quê?

Lembrei da minha infância e de como era comum sentir o cheiro do pão doce que vinha da padaria.  E como nós, crianças, éramos atraídas pelo aroma inigualável.  Comer um pão doce fresquinho era tudo de bom e nosso mundo infantil ficava mais colorido.  Esquecíamos as broncas dos professores, as brigas com os colegas, os castigos e as surras.

Uma vez, há anos, a caminho de Búzios, passei por uma rua ladeada de casas populares.  Ao chegar à esquina, senti o cheiro inconfundível do pão doce, que vinha da padaria.  Parei o carro e convidei os dois amigos argentinos que me acompanhavam a saborear aquela iguaria.  Quem já foi a Buenos Aires sabe que a patîsserie argentina é fabulosa.  Pois mesmo assim, os argentinos se encantaram com aquele pão doce e sei que até hoje eles guardam uma memória feliz daquele dia.

Fiquei novamente frustrada quando percebi que não havia pão doce fresquinho em parte alguma.  Minha esperança era o Zona Sul.  Eles têm uns colimaçons que iam quebrar o galho.  Avancei rápido até lá.  Outra frustração.  Nem colimaçon e nem mesmo o ciabatta.  Aliás, o Zona Sul foi outra frustração.

Chovia sem parar.  Era um dia triste e sombrio.  O jeito era ir para casa e beber um café quentinho ou um chocolate, tomar um banho, trocar aquela roupa molhada na barra e me consolar vendo a chuva cair.  Mas a memória do pão doce me trouxe lembranças felizes.

Um comentário:

Patricia Peternel disse...

Essa foto do pao eh sacanagem com quem mora longe hein! Fiquei com agua na boca!!! :-) Eu tenho menos chance ainda de encontrar tal iguaria... :-( Mas que bom que o pao doce te remeteu a infancia e te fez esquecer os problemas... Incrivel como eh dificil encontrar uma padaria decente hoje em dia. A ultima vez que comi pao doce foi na padaria Ipanema no ano passado, lembra? Levei pra casa e nao sobrou nem farelo pra contar a estoria... :-) Beijos!

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