quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Os crimes de lavagem da honra: A onda de assassinatos que envergonha o mundo

Inauguro este post em protesto pelas 20 mil mulheres que são assassinadas a cada ano em nome da "honra". A reportagem de Robert Fisk foi publicada ontem no The Independent.
Acompanhe e faça também seu protesto.
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É um dos últimos grandes tabus: o assassinato de pelo menos 20 mil mulheres por ano em nome da "honra". Mas o problema não está confinado ao Médio Oriente: o contágio se espalha rapidamente.

É uma tragédia, um horror, um crime contra a humanidade. Os pormenores dos assassinatos - das mulheres decapitadas, queimadas e apedrejadas até a morte, esfaqueadas, eletrocutadas, estranguladas e enterradas vivas em nome da “honra” de suas famílias - são tão bárbaros quanto vergonhosos. Muitos grupos de mulheres no Oriente Médio e sudoeste da Ásia suspeitam que o número de vítimas seja pelo menos quatro vezes maior do que a última estimativa anual das Nações Unidas, de cerca de 5 mil mortes por ano. A maioria das vítimas é jovem, muitas adolescentes, massacradas por uma tradição vil que remonta há centenas de anos, mas agora abrange a metade do mundo.

A investigação de 10 meses feita pelo The Independent na Jordânia, Paquistão, Egito, Gaza e Cisjordânia expõe detalhes aterrorizantes de um dos mais repulsivos assassinatos. Os homens também são mortos em nome da "honra" e, embora os jornalistas tenham identificado esses crimes como uma prática de maioria muçulmana, comunidades cristãs e hindus também os cometem. Na verdade, a lavagem da "honra" (ou ird) das famílias, comunidades e tribos transcende a religião e a compaixão humana. Grupos voluntários de mulheres, organizações de direitos humanos, a Anistia Internacional e arquivos de notícias sugerem que a matança de inocentes por motivo de "desonra" de suas famílias vem aumentando a cada ano.

Os curdos iraquianos, os palestinos da Jordânia, o Paquistão e a Turquia parecem ser os piores praticantes de tais crimes, mas a imprensa nesses países é regiamente compensada para manter o sigilo que rodeia os "assassinatos de honra" no Egito - que afirma mentirosamente não haver nenhum - e outras nações do Oriente Médio no Golfo e no Levante (região mediterrânea entre a Turquia e o Egito). Mas os crimes de honra há muito tempo se espalharam pela Grã-Bretanha, Bélgica, Rússia, Canadá e muitas outras nações. Autoridades de segurança e juízes de grande parte do Oriente Médio são coniventes em reduzir ou revogar penas de prisão para famílias acusadas de assassinato de mulheres, classificando esses crimes, muitas vezes, como suicídios, no intuito de evitar processos judiciais.

É difícil permanecer insensível diante do vasto e detalhado catálogo de tais crimes. Como reagir a um homem - isso aconteceu tanto na Jordânia quanto no Egito - que estupra a própria filha e depois, quando ela engravida, a mata para salvar a "honra" de sua família? Ou o pai turco e avô de uma menina de 16 anos, Medine Mehmi, na província de Adiyaman, que a entrerrou viva debaixo de um galinheiro, em fevereiro, por “fazer amizade com meninos”? O corpo de Medine foi encontrado 40 dias depois, sentado e com as mãos amarradas.
 
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