terça-feira, 14 de setembro de 2010

Os crimes de lavagem da honra: A onda de assassinatos que envergonha o mundo - continuação

Zakir Hussain Shah cortou a garganta de sua filha Sabiha, 18, em Bara Kau, em junho de 2002, porque ela havia "desonrado" a família. Mas sob a notória lei paquistanesa qisas, o herdeiro tem poderes para perdoar o assassino. Por essa razão, a mãe e o irmão de Sabiha "perdoaram" o pai e ele foi libertado.

Quando um homem matou suas quatro irmãs, em Mardan, no mesmo ano, porque elas queriam uma parte da herança, a mãe o "perdoou", com base na mesma lei. Em Sarghoda, mais ou menos nessa época, um homem disparou contra as mulheres de sua família, matando duas de suas filhas. Mais uma vez, a esposa - e várias outras filhas feridas por ele - "perdoaram" o assassino, porque eram suas herdeiras.

Outro absurdo: o estupro é também usado como punição nos de crimes de lavagem da "honra". Na aldeia de Meerwala, no Punjab, em 2002, um "júri" tribal alegou que um menino de 11 anos da tribo Gujar, Abdul Shakoor, tinha como babá uma mulher de 30 anos da tribo Mastoi - uma "desonra" para este grupo tribal. Os anciãos tribais decidiram que, para "devolver" a honra ao grupo, a irmã do menino, de 18 anos, Mukhtaran Bibi, devia ser estuprada por vários homens. O pai, avisado de que todas as mulheres da família também seriam estupradas se Mukhtar não fosse entregue a eles, levou a filha, respeitosamente, para esse "júri" profano. Quatro homens, um dos quais do "júri", imediatamente arrastaram a moça para uma cabana e a estupraram, enquanto cerca de uma centena de homens riam e aplaudiam do lado de fora. Ela foi então obrigada a andar nua pela aldeia na volta para casa. Levou uma semana até a polícia registrar o crime como uma "reclamação".

Ataques com ácido também fazem parte das punições criminosas em nome da "honra". O Independent deu ampla cobertura, em 2001, a um homem chamado Bilal Karachi Khar, que jogou ácido no rosto de sua mulher Fakhra Yunus, depois que ela o deixou e voltou para a casa da mãe, na área de prostituição da cidade. O ácido fundiu-lhe os lábios, queimou o cabelo, derreteu os seios e uma orelha e transformou-lhe o rosto em uma "borracha derretida".

Naquele mesmo ano, uma mulher de 20 anos, chamada Hafiza, foi alvejada a tiros duas vezes por seu irmão, Asadullah, em frente a uma dúzia de policiais fora de um tribunal de Quetta, por ter-se recusado a seguir a tradição de se casar com o irmão mais velho do marido falecido. Ela casou-se com outro homem, Fayyaz Lua, mas a polícia prendeu a moça e a levou de volta para sua família em Quetta, sob o pretexto de que o casal poderia casar-se formalmente lá. Mas ela foi forçada a registrar queixa de que Fayaz a havia sequestrado e estuprado. Quando Hafiza dirigiu-se ao juiz para queixar-se de que sua declaração fora feita sob pressão e que ela continuava a considerar Fayaz como seu marido, o irmão Asadullah a matou. Ele entregou a arma a um policial que havia presenciado o assassinato.

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