quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Recordar é viver?

Passei os últimos dois anos me fazendo a mesma pergunta: como aconteceu?

Lembro do acidente diariamente, querendo ou não, e a forma como ele aconteceu sempre foi um mistério. Não conseguia entender e me angustiava esse lapso de memória. Por que não lembrava? O que teria acontecido nesse dia terrível? Sempre fui tão cuidadosa em atravessar uma rua e sempre soube também dos perigos que rondam o trânsito do Rio. Então, por quê?

Hoje de manhã, acordei meio cansada e indisposta. Tinha de ir à hidroginástica, mas não encontrava forças para botar o maiô e ir até lá - uns 10 minutos de caminhada rápida. Busquei uma força dentro de mim, não sei de onde, me arrumei e fui. No meio do caminho, aconteceu: lembrei claramente da noite longa e escura que desabou sobre mim há pouco mais de dois anos.

Eu estava na calçada dando adeus à minha cunhada. O sinal estava fechado e, ao invés de caminhar até a faixa de pedestre, como sempre costumava fazer, atravessei a rua, no meio dos carros, que estavam todos parados. Tinha pressa de chegar em casa e essa pressa quase me levou ao túmulo.

O caminhão estava parado e o motorista, segundo disseram as testemunhas, conversava com o colega do lado. Ele viu o sinal abrir, mas não notou que eu estava atravessando naquele momento. Viu apenas que o carro que estava na frente dele se moveu e fez o mesmo, automaticamente. O caminhão atingiu meu ombro esquerdo e me fez gritar de dor. Lutei para não cair, enquanto o veículo me empurrava. Acabei perdendo o equilibrio e ele passou por cima de mim, causando-me múltiplas fraturas.

Por que estou relatando tudo isso? Por que lembrar de tudo agora depois que dois anos já se passaram? Porque tenho esperança de que esse pesadelo termine de vez. Porque quero virar essa página e seguir adiante com a minha vida. Acho que, enquanto não se faz a catarse, os problemas agarram-se à nossa pele, como sanguessugas, que chupam-nos o sangue, tirando-nos toda a vitalidade.

Só espero, meu Deus, que meus pesadelos e meus medos tenham ido embora. Amém!

Nenhum comentário:

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...