sábado, 21 de maio de 2011

O mistério da Ilha de Páscoa foi finalmente solucionado?

Os moais, as gigantescas estátuas de pedra que se alinham no litoral da ilha de Páscoa

Gosto de livros, de mistério e adoro a Ilha de Páscoa. Sonho em conhecê-la desde que li o livro "A Expedição Kon-Tiki", de Thor Heyerdahl. A reportagem abaixo foi publicada no The Independent e resolvi traduzi-la.

O mistério da Ilha de Páscoa foi finalmente solucionado?

Um novo livro desafia o conhecimento atual sobre o fim da civilização nativa

Por Paul Rodgers
Domingo, 24 de abril de 201
Uma batalha científica sobre o destino dos nativos da Ilha de Páscoa está pronta a eclodir neste verão com a publicação de um livro que desafia o conceito de que essa sociedade neolítica cometeu um suicídio ecológico.

O debate tem uma moderna dimensão política. Está em jogo o exemplo central, citado por Jared Diamond em seu livro de 2005 “Colapso: Como as sociedades decidem sucumbir ou sobreviver”, sobre as terríveis consequências que ameaçam os seres humanos se não cuidarmos do planeta.

O argumento arqueológico gira em torno dos moais - centenas de estátuas de pedra alinhadas no litoral da agora desarborizada ilha do Pacífico Sul, conhecida por seus habitantes como Rapa Nui.

Os nativos seminus descobertos por uma expedição holandesa no domingo de Páscoa de 1722 foram considerados demasiadamente empobrecidos para terem esculpido e transportado eles mesmos as estátuas.
A teoria admitida é que uma civilização mais avançada, de cerca de 15.000 pessoas, deve ter erguido as estátuas, com centenas de homens carregando-as para o litoral e grupos de pessoas dedicando-se à fabricação de cordas, roldanas e trenós, enquanto o restante se empenhava em alimentar os trabalhadores.

Depois que a última das palmeiras gigantes da ilha foi derrubada,  sugere a teoria que o sistema ecológico entrou em colapso, houve quebra na produção de alimentos e seguiu-se uma guerra civil, degerando em canibalismo, com a população remanescente lutando para sobreviver até a chegada dos holandeses.  
Mas os revisionistas, liderados pelos arqueólogos Carl Lipo da Universidade Estadual da Califórnia e Terry Hunt, da Universidade do Havaí, argumentam que essa sociedade superior jamais existiu. A civilização de Rapa Nui, diz o Dr. Lipo, foi exterminada com a chegada dos europeus, que trouxeram pragas de doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose, diarréia e hanseníase. Doença, escravidão e roubo de terras reduziram uma população estimada de 3.000 a apenas 111 sobreviventes, em 1877.

Em seu novo livro, “As estátuas que andavam -                     -Esclarecendo o mistério da Ilha de Páscoa”, que será publicado em junho, o dr. Lipo e o professor Hunt apresentam evidências de que colonizadores polinésios chegaram à ilha em 1200, 800 anos depois do que afirma a teoria convencional, e imediatamente modificaram o ambiente, empregando o sistema agricultural de derrubadas e queimadas.

O efeito desse sistema sobre a floresta de palmeiras gigantes foi multiplicado com os ratos que chegaram com esses agricultores. A população de roedores, que se alimentavam fartamente das sementes das palmeiras, explodiu.

O Dr Lipo revela que não foi o desmatamento que tornou as coisas muito piores para os humanos. Rapa Nui não era nenhum paraíso tropical, mas uma antiga ilha vulcânica e muitos dos nutrientes do seu solo já haviam se esgotado. A queimada das palmeiras gigantes contribuiu realmente para o agravamento, mas os colonos logo passaram a usar uma técnica chamada resíduos orgânicos de pedra, na qual rochas vulcânicas recém-quebradas eram enterradas no solo desgastado para nutri-lo e reduzir a erosão.

As mesmas pessoas que usaram os resíduos orgânicos de pedra e saudaram os holandeses poderiam ter transportado os moais de Rano Raraku - a pedreira onde as estátuas eram esculpidas - para o litoral. As estátuas parecem ter sido criadas para permitir que pequenos grupos de homens as transportassem, balançando-as, como se costuma fazer com uma geladeira.

Sugestões semelhantes foram feitas no passado, mas há provas indicando que os moais teriam se esgotado até chegarem ao litoral. O Dr Lipo, auxiliado pelo antropólogo Sergio Rapu, primeiro governador nativo da ilha sob o domínio chileno, acredita ter encontrado uma maneira de contornar essa questão, com mais balanço e menos confusão.

Defensores da velha teoria não aceitam esta nova. O arqueólogo britânico Paul Bahn e seu co-autor John Flenley estão lançando a terceira edição de “The Enigmas of Easter Island” “Os enigmas da Ilha de Páscoa” em resposta às novas teorias. "Eles estão ignorando a tradição oral e selecionam apenas os dados de que gostam", declarou no fim de semana, acrescentando que não tem dúvida de que os habitantes da ilha sofreram um colapso pré-histórico. "Eles sabem que estão errados, mas não dão o braço a torcer", disse.

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