segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Corpo como Metáfora - Padrões de Beleza

As imagens que mostro a seguir foram tiradas pelo fotógrafo alemão Hans Sylvester (Ethiopia-People of the Omo Valley-prêmio Livro do Ano em Fotografia, Paris, 2006) às margens do Rio Omo, na Áfriica.  O Rio Omo atravessa o Sudão, a Etiópia e o Quênia.  Foi nas suas margens que os arqueólogos encontraram o "Homem de Kibish", um ancestral de 12.000 anos.



Nessa região habitam algumas tribos que ainda estão na pré-história: Dassanech, Mursi, Hamar, Karo, Bume e Beshadar.

O vale do Rift - onde se encontra a grande fenda africana que separa geograficamente os negros dos árabes - é uma região vulcânica que fornece uma grande variedade de pigmentos multicoloridos.  Com esses pigmentos - alguns raros - as tribos do Rio Omo praticam sua arte.

No conceito ocidental, são verdadeiros gênios da pintura, pois os traços lembram muito a arte contemporânea de Picasso, Miró, Paul Klee e Taples. 

Em poucos minutos, com uma rapidez impressionante, decoram rosto, torsos, seios, pernas e pés.  Não usam pincéis, apenas uma habilidade fantástica com a ponta dos dedos.

É uma arte ancestral praticada por todos da tribos: crianças, jovens, adultos e idosos.  O aprendizado se dá apenas na observação.  Eles se integram à Natureza, fazendo parte dela, sendo como ela.


A arte é explicada por ela mesma.  Não há explicação.  Não há teoria.  Por isso, é arte no mais alto grau de pureza.  São motivados apenas pelo desejo de ser belos, de seduzir, de exteriorizar o prazer.

(texto extraído de um documento que recebi sobre o assunto)

domingo, 15 de agosto de 2010

A NATUREZA DÁ SHOW

Esta semana, a Natureza deu um presente para o mundo: uma chuva de meteoros que tem sido observada há cerca de 2.000 anos.  Meteoros são restos de um cometa e este vem da Constelação de Perseus. Alguns católicos referem-se a essa chuva de meteoros como "as lágrimas de São Lourenço", porque o dia 10 de agosto marca a data em que o santo foi martirizado.

Assistam ao espetáculo da natureza.


domingo, 8 de agosto de 2010

Floresta de Bétulas

Esta foto de Sergei Karpukhin para a Reuters foi tirada no dia 30 de julho nas cercanias de Voronezh.  Um soldado russo atravessa uma floresta de bétulas devastada por um dos 700 incêndios que devoraram mais de 1000km2 de florestas no pior verão russo dos últimos 130 anos.

Meu coração sangra com essa foto e eu me lembro dos romances de Dostoiévski e Tolstoi, que li quando menina.  Enquanto lia, imaginava a mim mesma passeando pelas florestas de bétulas tão comuns no solo russo e tão bem descritas.  Ao viajar para aquele país, quis conhecer essas florestas, que ficam bem perto de Moscou, e tive ainda a felicidade de ver os perfumadíssimos lírios do vale, cujas florezinhas se assemelham a sinos.  Quem me acompanhou na viagem à Rússia (que, por preguiça, ainda não conclui), verá que num dos posts pus uma foto dessa flor, símbolo da Rússia.

E agora me entristeço e choro ao pensar que os incêndios devem ter exterminado essa flor tão delicada, matado animaizinhos e devastado essas árvores grandes e esguias, de tronco esbanquiçado.  Faço um minuto de silêncio em honra desses mártires.

Choro agora, mas me consolo porque sei que a floresta vai se recuperar, os lírios vão brotar e, quando a floresta voltar a ser o que era, os animaizinhos regressarão ao seu habitat.  Em Chernobyl, pensava-se que o desastre nuclear destruiria a vegetação para sempre, mas não foi isso o que aconteceu.  Para surpresa geral, o mato e até as flores invadiram a usina atômica abandonada, apoderando-se do que, por direito legítimo, pertence à natureza.  E ela é muito mais forte que o homem.

Quando estive em Belém, há alguns anos, o que mais me impressionou foi testemunhar a força da natureza.  Era perceptível o vigor da floresta mesmo estando coberta pelo asfalto das ruas e estradas.  Pequenas, mas ameaçadoras rachaduras não deixavam dúvida - era a natureza lutando para se reerguer.  Um só vacilo e a floresta se regenera, voltando ao seu antigo esplendor.  E é isso que me consola quando ouço, com horror, falar das queimadas, das derrubadas de árvores.  De uma coisa tenho absoluta certeza: nós passamos, a natureza fica, porque é eterna.


sábado, 7 de agosto de 2010

O anel que tu me deste....

.... era vidro e se quebrou; o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou.  Esta é uma das minhas cirandas preferidas.  Hoje em dia, vejo a sabedoria de cada uma dessas palavras, quando me relaciono com algumas pessoas. 

Como a maioria, costumo idealizar.  Conheço uma pessoa superficialmente e acho que já sei quem ela é.  O pior é que tenho uma certeza instantânea.  Mesmo recebendo avisos, ouvindo sábios conselhos de gente querida, não faço caso. Conheço e pronto.  E nós sabemos que não é bem assim.  Leva-se anos para conhecer alguém... mais ou menos.  Sim, porque somos seres surpreendentes.

Hoje estou num dia nostálgico e triste.  Desfiz uma amizade que nunca foi, na verdade, amizade.  Foi uma dessas idealizações minhas.  Achei que conhecia, que tinha conquistado uma amiga e tanto.  Eu a idealizei durante alguns anos.  Achava que era uma amiga sensível e inteligente, dessas que a gente pode contar segredos, falar dos medos e incertezas, porque ela sempre estará lá.  Ela, por sua vez, também iria fazer confidências e a gente se conheceria profundamente.  Não foi assim.  Quando penso em amizade, imagino um lugar sereno, à beira de um rio, onde a gente estende a rede e descansa tranquilamente.

A pessoa de quem deixei de ser amiga e que julgava sensível e inteligente era, infelizmente, insensível e de uma burrice emocional impressionante.  É uma pessoa rancorosa, amargurada e triste.  Como todas as pessoas que não viveram a vida em sua plenitude, é uma pessoa infeliz e só.  Teve, como todo mundo, sua oportunidade de brilhar, de voar, de conhecer lugares, pessoas, amar de verdade, mas teve medo.  Se entocou.  Viveu escondida, sentindo que assim estaria segura.  Mas o tempo passou e lhe cobrou um balanço de vida.  O que fizera durante todos aqueles anos?  Ela havia feito muitas coisas boas, mas não teve o bom senso de apreciá-las.  Sempre se julgou menor, inferior.  Em vez de pensar nas conquistas, ainda que não tivesse chegado a todas, queixava-se do que não teve forças para conquistar.  Vive agora em busca do tempo perdido, como se pudesse voltar atrás.  Não pode e sabe que não pode.  O resultado é que sobra amargura para todo lado.  Uma pessoa assim não pode e não consegue ser amiga de ninguém.  No entanto, uma amizade lhe faria bem.

Eu sigo o meu caminho.  Estou mais aliviada agora que pude expressar o que sinto.  Não sou de voltar atrás.  Estou sempre indo adiante.  Tentei de todas as maneiras salvar a amizade, mas uma andorinha só não faz verão.  Perdi a amiga, mas estou inteira... e feliz.. como sempre.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Aurora Boreal


A Aurora Boreal foi fotografada do espaço no domingo, 1 de agosto.  Daí partiu o aviso: ela volta a aparecer na quarta.  Não deu outra.








Ela apareceu na quarta-feira, na Noruega.
Não vou falar muito, porque uma imagem vale
mais que mil palavras.





















Eu deveria escrever a última parte de "O Corpo como Metáfora", mas este evento fascinante se interpôs. A Aurora Boreal que,caprichosa, costuma aparecer quando bem entende, resolveu dar seu segundo show neste ano. E não posso deixar de mostrar as fotos belíssimas que foram tiradas durante esta semana.

Estão dizendo que ela vai aparecer com mais frequência nos próximos anos. Tomara! É minha chance, quem sabe?, de vê-la finalmente.

Desfrutem, como eu desfrutei.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Corpo como Metáfora - Padrões de Beleza

"Na cera mole dos corpos, cada sociedade deixa sua marca." (Philippe Perrot)

Olhe a figura ao lado e diga o que acha?  Você consideraria essa estátua como representativa de um padrão de beleza?  Acho que não.  Trata-se da Vênus de Willendorf ou a Mulher de Willendorf, uma escultura descoberta no sítio arqueológico do paleolítico situado perto de Willendorf, na Áustria.  Mede um pouco mais de 11cm e estima-se que tenha sido esculpida há 22 ou 24 mil  anos.  Era o padrão de beleza da época.  Se nos basearmos nos livros, vamos lembrar que nem sempre foi fácil conseguir o alimento.  Pode-se, portanto, imaginar que as pessoas que viveram nesse período eram magras, famintas e que talvez idealizassem um corpo opulento, de formas arredondadas como esse, não é mesmo?  É uma hipótese com grandes chances de ser verdadeira.

Vamos pular para a Idade Média, precisamente para o século XIV, quando a peste bubônica invadiu a Europa, matando um terço da população.  Trazida nos porões dos navios que vinham do Oriente, a epidemia não poupou ninguém: morreram reis, príncipes, senhores feudais, servos, padres - era pegar a doença e morrer, pois não havia cura.  Havia, sim, preconceito.   E este era tão grande que os doentes eram, muitas vezes, abandonados pela própria família nas florestas ou em locais afastados. A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção de medidas higiênicas nas cidades medievais.

Agora olhe a foto ao lado.  É a obra mais famosa do pintor flamengo Jan van Eyck.  Você vai imaginar que se trata de um casal à espera do filho, não é mesmo?  Pois vou lhe dizer que está enganado.  A pintura foi feita no dia do casamento do rico comerciante Giovanni Arnolfini e sua mulher Giovanna Cenami.  Por quê a barriga de Giovanna?  Porque era moda.  Era preciso estimular o nascimento de bebês para repovoar a Europa e dai a moda da barriga postiça.  Era in usar bolsinhas por baixo do vestido para simular uma gravidez. 

Desde o fim da antiguidade greco-romana, a moda parecia ter como objetivo essencial esconder as formas por meio de faixas comprimindo os seios e de roupas amplas. A roupa era igual para homens e mulheres.  Mas ao longo dos séculos XII e XIII, as roupas foram usadas para acentuar a silhueta.

Veja como era descrita a moda do século XV (a pintura ao lado é desse século):  “o vestuário feminino é igualmente ajustado e exalta os atributos da feminilidade: o traje alonga o corpo através da cauda, põe em evidência o busto, os quadris, a curva das ancas. O peito é destacado pelo decote; o próprio ventre [...] é sublinhado por saquinhos proeminentes escondidos sob o vestido”. E ainda “...as mangas possuíam longas fitas ou palatinas que às vezes se arrastavam no chão”.  Tudo isso está evidenciado no célebre quadro de Jan van Eyck.

Em outro post, falarei mais sobre o assunto.  Até lá.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Corpo como Metáfora


Ultimamente, não tenho tido muito tempo para assistir à TV, mas, de vez em quando, vejo parte de algum programa só para ficar antenada.  Não sei se as pessoas reparam ou se dão conta, mas a mídia controla o nosso corpo.  Um dia desses, sintonizei o canal líder de audiência.  Vi duas artistas muito muito conhecidas, uma delas dizendo à outra, a título de elogio supremo: "Mas como você está magrinha!!!"  Estava mesmo.  A moça estava no osso - não havia mais o que emagrecer.  No entanto, é provável que ela não esteja ainda satisfeita com seu corpo, e nada impede que, a exemplo da Demi Moore, adote uma dieta extrema, à base de suco de limão e mel, para emagrecer.  A estética atual é de aniquilamento do corpo, de desprezo ao alimento, especialmente os calóricos.  Não é, pois, de se admirar que haja tantos bulímicos por aí.

No canal a cabo, uma personagem também conhecida se refere à colega como "magérrima" - elogio máximo.  Dia desses, também no canal a cabo, vi um documentário em que médicos de prestigio em suas especialidades examinavam pessoas que haviam escolhido e se submetido a dietas supostamente saudáveis.  Um caso especial me chamou a atenção. Era o de um homem muito magro, que adotou a dieta anti-envelhecimento das células.  Segundo essa dieta, deve-se ingerir pouca comida, para não sobrecarregar as células, e a consequência é o retardamento do envelhecimento.  Após uma bateria de testes, o médico disse a esse homem que ele estava correndo perigo de vida e o aconselhou, alarmado, a COMER.  Pois é, comer - essa coisa simples que nos mantém vivos e que parece ter virado o horror de muita gente.  Vejam só.

Imagino que as pessoas que adotam dietas extremas fiquem indignadas com tal conselho, que vem na contramão dos seus hábitos modernos.  Que história é essa de comer?  Comer engorda e ser gordo é ser out.  O gordo nunca sofreu tanto como agora.  E até mesmo o rótulo de gordo já não é o de antigamente.  Passou de certo manequim, que, aliás, encolheu uma barbaridade, a pessoa já pode se considerar gorda.  Está condenada ao opróbio, ao ostracismo.  É, enfim, um ser abjeto.  Marilyn Monroe, que enlouqueceu tantos homens, seria hoje chamada de gorda.  Que mundo insensato, não lhe parece? 

E, no entanto, as pessoas parecem não refletir sobre essas questões.  Abraçam qualquer modismo para fazer parte de uma tribo.  Todos querem pertencer ao grupo.  Ficar fora dele é perigoso.  O mundo avançou, mas ainda temos as mesmas fobias dos primórdios da civilização.  Nossa inteligência emocional parece não ter acompanhado o avanço da ciência em todos esses séculos.  Em nosso íntimo, não passamos de pobres criaturas indefesas, a despeito de mostrarmos poder e ambição nas fotos publicadas pela mídia.  A mesma mídia que, arbitrariamente, controla nosso corpo e determina nossos hábitos. 

Mas culpar só a mídia seria injusto.  Muito antes de ela existir nosso corpo já era controlado.  E como era feito esse controle?  Por que ele sempre existiu?  Para quem e a quem serve?  Bem, sobre isso falarei em outro post.  Até lá.

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...