terça-feira, 17 de março de 2015

PAUSA PARA MEDITAÇÃO


Alguma coisa está muito errada. Uma moqueca de peixe num bom restaurante da cidade onde moro custa R$ 100,00. O prato mais barato nesse lugar custa R$ 70,00. Oito pasteizinhos de camarão custam R$ 20,00. Pra que tenham uma ideia do descalabro, me contava minha filha que foi almoçar num restaurante polaco com o namorado e gastaram, os dois, com comida, bebida e sobremesa uns R$ 125,00. Isso em Londres, onde cada libra equivale a R$ 5,00. 

O interessante é que o restaurante da minha cidade vive cheio, com fila e tudo. E não apenas este, mas os outros mais caros ainda também. Pela frequência, dá pra adivinhar que é de pessoas que reclamam do custo de vida, da gasolina, dos impostos. São os que devem ir às ruas amanhã pra "reclamar de tudo isso que tá aí", que eles não sabem precisar exatamente o quê, pois que ouvem e repetem simplesmente. Se são perguntados, respondem bobagens. São incapazes de formar uma frase consistente, um argumentozinho sequer. E estou falando de gente que tem certa instrução. Mas é enorme o contingente de analfabetos funcionais. E, recentemente, me dei conta que é enorme também o contingente dos incapazes de entender uma ironia, um pensamento metafórico.

Houve um tempo, justamente no período FHC, e eu me lembro muito bem, que o comércio ia de mal a pior. Em Ipanema, na zona mais elegante do bairro da zona sul do Rio, viam-se lojas e lojas fechadas, um assombro, e os restaurantes estavam às moscas. Quem andava pela Av. Atlântica, em Copacabana, era assediado pelos garçons, fato francamente constrangedor. Eram bares e bares vazios na Cidade Maravilhosa. Se havia um ou outro cliente, em geral eram estrangeiros. 

Tudo isso foi esquecido?
É disso que têm saudade os que reclamam "de tudo isso que tá aí"?
Tsc, tsc, tsc...

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