quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Naughty pig

Minha filha me contava, em conversa pelo Skype, o susto que ela e o marido levaram quando, no meio da noite, ouviram um coinc, coinc, coinc.  Acordaram e ficaram conjeturando o que poderia ser aquilo.  O ruído vinha do quarto do meu netinho e eles foram para lá.  Encontraram, finalmente, o culpado daquela situação: era um porquinho que, mesmo tendo sido surpreendido na travessura, continuou com o coinc, coinc, coinc.  Tiveram de levá-lo para outro aposento para continuarem o sono.  O netinho chama esse porquinho, e com razão, de "naughty pig".


Essa história me fez lembrar o que me aconteceu há alguns anos quando fui à Argentina.  Antes de viajar, conversei com o porteiro, sr. Vitor, que sempre quebrava meus galhos, desde problemas de luz até um dinheirinho trocado.  Pois bem, querendo agradar ao Sr. Vitor perguntei se ele gostaria que eu trouxesse alguma coisa da viagem.  Ele foi categórico: quero um relógio de pulso despertador.  Oh, boy! 


Um dia, passeando na Florida, vi uma loja que tinha relógios até na calçada.  E foi lá que encontrei o tal objeto do desejo do sr. Vitor, que despertava ao som de um galo cantando cocorococó.  Comprei-o, aliviada. 

No dia seguinte, pela manhã, Horacio me perguntou se eu havia comprado um relógio de "gallo" (que os argentinos pronunciam gajo).  Foi então que soube da história.  Ele havia acordado no meio da noite com o galo cantando e não conseguia descobrir de onde vinha o canto.  Olhou pela janela, debaixo da cama, até que, apurando o ouvido, descobriu que vinha da minha mala.  E a mala estava bem do meu lado.  Ou seja, aquele relógio nunca serviria para mim.  E Horacio mal conseguia disfarçar o desgosto de ter perdido o sono no meio da noite.  Eu ria às gargalhadas e ele acabou se descontraindo.

Entreguei o presente ao sr. Vitor que, como homem da roça, adorou saber que despertaria ao som de um galo.  E lá se foi sr. Vitor viajar de avião para a terra de seus parentes com o relógio no pulso.  Enquanto estava à bordo, o relógio, sabe-se lá por que razão, disparou e o galo cantou sem parar cocorococó, para desconforto do porteiro, porque os passageiros que estavam ao redor o encaravam irritados, logo que descobriam que o barulho partia de onde ele estava.  Acuado, sr. Vitor se levantou, foi ao banheiro da aeronave e lá mesmo deu fim àquele galo inoportuno.  Botou o relógio no chão e o pisoteou até o galo se calar.

Um comentário:

petloveshaon disse...

Saudades do Sr Victor!!!

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