sábado, 10 de abril de 2010

Finalmente a volta ao trabalho - parte 3

Tudo aconteceu numa tarde comum. Não me lembro se fazia sol. Tivemos chuvas torrenciais durante aqueles dias. Dois de meus colegas de trabalho estavam viajando e eu tentava preencher a lacuna de um deles trabalhando a todo vapor. Queria zerar as pendências, deixar tudo em ordem. Naquele dia, como aliás em alguns outros, eu não tinha saído para almoçar. Queria recuperar o tempo perdido.

O telefone tocou no meio da tarde. A secretária do “homem” me pedia para subir. Ele queria falar comigo. Meu coração parou. Olhei para Santo Expedito e rezei, mas acho que já era tarde demais. Subi tentando disfarçar o medo e a comoção, que mal me deixavam respirar. Intimamente, eu sabia o que ia acontecer, assim como pressentia que algo mal ia me acontecer, antes do acidente. (Eram quedas estranhas, como se estivesse sendo empurrada, momentos de tristeza inexplicáveis, sustos ao atravessar a rua e uma fixação esquisita com a morte. "Não, meu Deus, não era possível que mais uma tragédia ia se abater sobre mim.") Mas em momentos assim a gente sempre tenta fugir da realidade.

Ao me aproximar do andar onde ia descer, meu coração batia loucamente. Tive medo, muito medo. Tentei me acalmar. Parei um pouco, respirei. Talvez fosse melhor não ir à sala do “homem”, alegar que não estava me sentindo bem, qualquer coisa. Mas eu estava ansiosa demais e achei que era chegado o momento de desvendar o mistério que me rondava, de enfrentar a verdade cara a cara. Sim, eu precisava ir em frente.

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