sexta-feira, 2 de abril de 2010
Quando é preciso voar - final
Ao perceber que me aproximo, ela foge correndo, embrenhando-se na mata, que parece lhe dar o aconchego de que precisa. Vejo-a passar rapidamente pelos lírios do campo, aspirar-lhes o perfume e parar por um momento à beira de um rio, que corre manso e cantarolando em seu leito de pedras redondas e amareladas.
A menina se detém por um momento e vira-se para trás, olhando em minha direção. Tem os olhos assustados e doloridos. Tento me aproximar mais uma vez, mas ela torna a fugir. O corpo magro e as pernas finas como gravetos dão-lhe um ar etéreo. Parece que a qualquer momento ela vai voar. Sigo olhando e, de repente, vejo que a menina ergue os braços para o céu e seu corpinho se desprende da terra, levemente.
Ela voa como uma borboleta, seguindo o curso do rio. Desaparece no horizonte e noto que o sol está quase se apagando e as cores, antes vibrantes e abundantes, começam a se misturar, formando um tom único e esmaecido.
Permaneço parada um longo tempo, esperando que a menina volte. Por um breve instante, parece-me ver suas asas douradas surgindo por detrás da mata. Mas era apenas o sol despejando seus últimos raios e dando adeus ao dia.
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