O atendimento no quarto era infinitamente melhor. Contei ao médico chefe da quela unidade sobre as dores, a insônia e a constipação. Como num passe de mágica, ele corrigiu tudo isso e eu entrei em estado de graça. Estaria realmente no céu não fossem os curativos quase diários que causavam muita dor e me faziam chorar.
O fixador que puseram na minha bacia tinha provocado diversas feridas na barriga. Após o banho, vinha a enfermeira fazer o curativo. Elas sabiam que era uma área muito delicada e tomavam um cuidado extremo para causar o mínimo de dor. Além das feridas na barriga, tinha uma outra grande no joelho direito. Esta, porém, nunca me incomodou e era como se estivesse anestesiada. Mas eu gritava de dor sempre que o ortopedista fazia o curativo. Ele era bruto e descuidado e eu o temia, mas com o tempo consegui estabelecer uma boa relação com ele.
Um dia, deixei de sentir fome. As técnicas de enfermagem insistiam, mas eu me recusava a comer e essa inapetência continuou, até que os médicos desconfiaram. Os exames provaram que eu estava com um problema na vesícula e tive de ser operada de emergência, quando comecei a vomitar sem controle. Só Deus sabe o quanto me desesperei com esse revés. Uma operação significava ter de voltar à UTI e os médicos não entendiam por que eu tinha tanto medo daquela unidade.
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