Foi Zini quem primeiro percebeu. Um dia, durante o banho, ela me perguntou que inchaço era aquele no alto da minha coxa direita. Olhei e percebi que realmente havia um volume estranho ali, mas eu a convenci de que era o atrito com a cadeira de rodas. Realmente, no dia anterior, eu tinha ficado muito tempo sentada. Naquele dia, 4 de junho, a caçulinha mandara rezar uma missa de ação de graças para nós duas. Para ela, pelo aniversário; para mim, pela recuperação. Eu me emocionei durante a missa, mas não quis comungar. Depois, teve bolo, doce e salgadinhos para as poucas pessoas que compareceram.
O tempo passou, veio a festinha do meu neto e o dia em que a filha mais velha ia embora se aproximava. Uns dois dias antes, quando estava sentada no sofá, ao me levantar notei que saía um líquido viscoso da coxa, do lugar onde havia o inchaço. Eu havia sofrido um corte naquela região por causa de uma fratura no fêmur. Mais tarde, durante o jantar, o líquido voltou a sair com mais força. Preocupada, minha filha sugeriu chamarmos a emergência do home care. A médica que me atendeu receitou um antibiótico e me mandou consultar o ortopedista imediatamente. Não foi o que fiz. Eu não queria que nada atrapalhasse aqueles últimos dias, queria desfrutar os últimos momentos com minha filha e meu neto, e fiquei calada.
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