sábado, 27 de março de 2010

"Morte em Veneza" - parte 7



Como todo ser que se apaixona e almeja a reciprocidade, Aschenbach vai à barbearia e lá é facilmente convencido a usar artifícios que lhe darão uma aparência mais jovem. Na saída, o barbeiro lhe diz: “Agora o senhor está pronto para se apaixonar.”


Ele sai confiante, enquanto Veneza agoniza. A decrepitude e a morte lhe parecem distantes. Seu olhar não se detém nas medidas desesperadas das autoridades para conter o avanço da epidemia de cólera e ele parece alheio ao perigo que ronda as ruas da cidade.

Veja a cena:
http://www.youtube.com/watch?v=uYBoo-wWJJA&NR=1

De volta ao hotel, encaminha-se para a praia. Faz calor e ele se abriga do sol para olhar Tadzio furtivamente, em brincadeira infantil com um colega. Enquanto Aschenbach o observa ao longe, a tinta que fora usada para tingir seus cabelos escorre-lhe pela face e a maquiagem derrete. Aschenbach vai aos poucos adquirindo uma aparência grotesca, semelhante à do palhaço que havia escarnecido do seu sofrimento. Ao longe, onde o mar quase se confunde com a linha do horizonte, surge a figura de Tadzio, como um anjo, enquanto Aschenbach morre lentamente.

Nenhum comentário:

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...