terça-feira, 16 de março de 2010

De volta para casa - parte 1

Não era só o anestesista que se impressionava com a minha recuperação. Na UTI, na Semi-Intensiva e até mesmo no quarto funcionários de outros setores do hospital vinham me visitar e se assombravam também. Todos diziam que era um verdadeiro milagre.

Graças a Deus não me mandaram para a UTI e seis dias depois da cirurgia para a remoção do fixador na bacia tive alta. Foi talvez o dia mais feliz da minha vida. Cheguei em casa de ambulância e fui levada numa cadeira de rodas para meu quarto. Meu quarto! Quanto tempo! Que felicidade estar em casa de novo! Sempre que viajava, detestava voltar para casa. Dessa vez, estava feliz. Três meses se haviam passado. Procurei meus gatos e eles me olharam curiosos, mas não se aproximaram. Fiquei triste, mas foi melhor assim. Ainda tinha feridas pelo corpo e o contato com eles não era recomendável. Adriana e Zini se revezavam. Nekar me abandonou.

Nos últimos tempos, quando eu ainda estava na casa de saúde, ela andava estranha. Nekar tinha uma vida muito difícil. O marido não gozava de boa saúde e praticamente não trabalhava. Era ela quem aguentava toda a carga de sustentar os dois filhos e manter a casa. Viajava longas horas de ônibus e estava sempre com sono. Nos plantões da Nekar eu dormia o tempo inteiro. E ela também. Não sentia as dores noturnas que perturbavam o sono da Adriana e da Zini. Mais tarde percebemos que ela me dava remédio para dormir, além da dose que eu normalmente recebia. Com a perspectiva de voltar para casa fui ficando nervosa, aflita, ansiosa e a nossa despedida não foi amigável.

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