domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Purgatório - parte 2

Alessandra e o marido sonharam um dia com um futuro melhor para seus filhos e foram morar na Itália. Ela me falava, com um brilho nos olhos, da qualidade de vida que tinha na cidade onde morou. A saudade da família e a distância, porém, acabou vencendo a determinação do casal e eles voltaram a morar na distante Raiz da Serra e a enfrentar os riscos diários de ir ao trabalho, em troca de um salário magro e insuficiente, que fazia com que Alessandra ainda tivesse de fazer bicos para preencher os buracos do orçamento. Contava com orgulho que os filhos falavam italiano fluentemente, mas não pensava em voltar para o primeiro mundo Tinha raízes profundas no Brasil.

Dagmar era vizinha de Alessandra e, como ela, era também uma batalhadora. Além de trabalhar como acompanhante fazia doces para vender. O negócio ia bem e Dagmar acabou se animando. Comprou um carro novo e bonito, zero quilômetro, para ser pago em muitas prestações que triplicavam o valor original do veículo. Mas ela não se preocupava nem se lastimava. Sabia que ia conseguir, ela e o marido, outro batalhador, e trabalhavam incansavelmente. Era jovem e cheia de confiança no futuro. O carro foi apenas sua primeira conquista. Sonhava com muito mais. Nenhuma distância ou obstáculo ia impedi-la de avançar.

Lamentei quando elas tiveram de ser substituídas. Para mim, no entanto, foi uma boa solução. O plano de saúde ia pagar as acompanhantes, e isso me pouparia muito dinheiro. Minhas reservas financeiras estavam chegando ao fim. Duas outras moças iriam substituir Alessandra e Dagmar. Ia sentir saudades delas e também ia ter problemas até encontrar substitutas à altura delas duas.

Nenhum comentário:

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...