segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Purgatório - parte 3

Gostei da primeira que se apresentou, Adriana. Era gordinha e notava-se claramente sua ascendência indígena. Era infinitamente paciente e amável. Mas não foi fácil encontrar a segunda acompanhante. A primeira a se apresentar, depois da Adriana, foi uma mulher estranha de nome complicado, desses em que se juntam uma parte de um nome com outo. Não gostei dela e a caçulinha também não, mas não me disse nada. Mal chegou se sentou no sofá e começou a ler um livro sobre vampiros. E dali praticamente nao arredou pé. Custava a me atender, quando eu lhe pedia qualquer favor e o fazia contrariada. Dormi preocupada, acordei várias vezes e sempre a via lendo o livro. Por alguma razão que nunca saberei explicar, tinha medo daquela mulher.

No dia seguinte, quando a caçulinha veio me visitar, pedi-lhe que buscasse outra pessoa para cuidar de mim e lhe contei como passei a noite. Ela então me confessou que quase não fechara o olho aquela noite. Também tivera medo. Graças a Deus ela estava de acordo comigo e aquela mulher sombria e mal-encarada ia embora.

Outras se sucederam. Houve uma outra que parecia adorável a princípio. A caçulinha gostou dela e eu também, mas na noite que passou comigo foi ríspida e mal-educada. Sentou-se no sofá e se recusou a me atender. Estava cansada, disse, e ia dormir. No dia seguinte, contudo, quando a caçulinha veio me visitar, ela era toda sorrisos e se desmanchava em gentilezas. Contei tudo o que havia passado durante a noite e, dessa vez, a caçulinha me olhou com olhos duvidosos, enquanto a moça má não conseguia disfarçar o ódio que sentia por mim. Tive medo. E se não conseguisse convencer minha filha?

Nenhum comentário:

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...