quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O verão mal-assombrado de Búzios - parte 1

Foi Marília quem sugeriu irmos passar o fim de semana em Búzios, quase no final da temporada de verão. Ela queria que Barbara, uma americana que falava português e era apaixonada pelo Brasil, conhecesse o lugar. Eu iria levá-las no meu carro e ficaríamos hospedadas numa pousada em Geribá. Durante a viagem, cantamos alegremente as músicas do Nei Matogrosso, de que Barbara tanto gostava.

Cante com a gente “A Rosa de Hiroshima”:
http://www.youtube.com/watch?v=9YJaaVAQ5lE&feature=fvst
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

De cara, gostamos da pousada, com aquele deck comprido se espreguiçando em direção ao mar. Chegamos numa sexta-feira, no final da tarde. Deixamos nossas coisas no quarto e fomos correndo para o centro, para a Rua das Pedras. Quando anoiteceu, escolhemos um bom restaurante, onde comemos um jantar delicioso e tomamos vinho. Mais uma volta pelo centro e voltamos à pousada.

Marilia e Barbara conversavam, enquanto tiravam as roupas das malas. Durante um tempo participei da conversa, mas vencida pelo cansaço caí no sono, muito a contragosto. Era o vinho iniciando seu efeito. Eu ainda podia ouvi-las ao longe, mas as vozes foram aos poucos sumindo. Adormeci.

No dia seguinte, acordei cedo. Saí do quarto, dei uma volta pela pousada, esperando que Marilia e Barbara acordassem. Voltei ao quarto. Elas continuavam a dormir. Resolvi caminhar sozinha pela praia. Na noite anterior, tínhamos combinado esse passeio. Na volta, fui ao quarto e as duas ainda dormiam. Estava com fome e resolvi não esperá-las para o café da manhã.

Estava ainda tomando meu café quando Marilia e Barbara apareceram. Olharam-me com raiva. “O que foi? Por que estão com essas caras?” Negaram-se a responder até atinarem que eu realmente não sabia a razão de tanto aborrecimento. E me contaram a história de terror que vivenciaram durante a noite.

Nenhum comentário:

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...