sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alda

Ontem, eu devia prosseguir em minha viagem à Rússia, mas algo aconteceu e não consegui postar nada.  Foi ontem que soube que Alda está morrendo num leito de hospital.  A medicina parece não poder fazer muita coisa por ela.  A notícia me entristeceu.  Entristeceu também as filhas, que choraram quando falávamos de Alda pelo Skype.

Meu relacionamento com ela começou há muitos anos.  Tornamo-nos grandes amigas, mesmo sendo ela uns 10 anos mais velha do que eu.  Com o tempo e por problemas familiares, algumas rusgas vieram conturbar nossa amizade.  Brigamos e ficamos de mal algumas vezes.  O importante, porém, é que conseguimos superar os diversos incidentes e continuamos nossa amizade. 

Uma vez, quando nossos filhos eram crianças, ela me disse algo que ficou para sempre dentro de mim; "Você é a única pessoa a quem posso confiar meus filhos, caso algo me aconteça."  Alda havia perdido o marido, que morrera em seus braços, de um ataque cardíaco.  O pai, a quem muito amou, morrera três anos antes.  Essas duas perdas importantes provocaram mudanças em Alda e nossa amizade se estreitou. 

Sempre vou lembrar dos almoços e jantares que ela fazia com capricho e carinho, se esforçando para agradar os convidados.  Alda tinha esse tipo de preocupação: gostava de ver seus convivas felizes.  Eu mesma e minhas filhas participamos de vários desses acepipes.  Sim, os almoços e jantares que Alda preparava eram verdadeiros banquetes, e todos eram feitos com muito amor.  Era a sua forma de expressão.

Como todo ser humano, Alda tinha também seu lado desagradável, ranzinza e peçonhento.  Era teimosa até a raiz dos cabelos, arrogante, muitas vezes, e algumas delas impiedosa.  Quando convivemos com as pessoas temos sempre a tendência de olhar com lente de aumento os defeitos e "esquecer" as qualidades.  Isso, claro, acontecia no nosso relacionamento, mas se ele durou tantos anos foi porque soubemos superar, eu e ela, os defeitos de ambas e, no final, nossas qualidades prevaleceram.

Os últimos anos têm sido de perda para mim e eu não consigo me acostumar com o fato de estarmos aqui de passagem.  Não posso me conformar em perder a amiga, mas tenho de aceitar o inevitável. 

Alda, querida, vá em paz e que Deus te acompanhe.  Eu serei eternamente sua amiga.

Um comentário:

petloveshaon disse...

Lembro-me das inumeras vezes em que passei meus finais de semana na casa dela me deliciando com os seus quitutes...Tia Alda é e sempre será especial para mim,e também ela é a minha madrinha!!!
QUE DEUS A ABENÇOE JUNTO COM A VOVÓ ROSINA E O VOVÔ DANIEL QUERIDO...Beijosssssssssss
AMO VCS!!!

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