sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dia das Mães

Estava assistindo ao programa da Oprah Winfrey há mais ou menos uma semana e uma coisa me chamou a atenção.  O tema girava em torno de crianças que sofrem abusos de qualquer tipo, mas o foco era no abuso sexual.  Uma frase ficou rondando a minha cabeça: quando se abusa de uma criança, rouba-se algo precioso dela.  Hoje em dia não se concebe mais bater numa criança, sob qualquer pretexto, e eu estou de acordo, embora não tenha me comportado dessa maneira.

Fui muitas vezes cruel e autoritária, mas quando recebemos um bebê nos braços, há tanto tempo desejado, junto com ele vem um rol de incertezas e muito medo.  Tudo o que sabemos é o que recebemos de nossos pais.  Esse saber passa por um crivo que nós mesmos criamos, e então tentamos ser melhores, queremos superar nossos pais.  É por isso que chegamos hoje ao ponto de condenar até um tapinha numa criança.  Evoluimos.

Eu me lembro, quando criança, de uma velhinha cuja imagem tenho até hoje gravada na memória.  Ela parecia frágil e indefesa, mas não era.  Ensinava em casa e seus alunos tinham verdadeiro pavor dela, porque ela lhes batia impiedosamente.  Eu tinha medo só de vê-la, às escondidas, agredindo aquelas crianças.  Essa senhora teve uma morte triste.  Ela costumava deixar velas acesas nos degraus que davam acesso ao andar superior, onde ficava seu quarto.  Um dia, ao subir as escadas, tropeçou e a barra do vestido encostou na vela, pegando fogo.  Ela gritou, mas até os vizinhos chegarem, arrombarem a porta, já era tarde.   Lembro-me de ter ficado contente com a morte daquela mulher.  Acho que seus alunos também.

Conto essa história para ilustrar o quanto avançamos nesses útimos anos.  É inimaginável que exista hoje uma professora como essa velhinha que conheci.  E as mães, hoje em dia, se aproximam cada vez mais de Nossa Senhora.  Elas tentam de tudo para fazer seus filhos felizes e dá alegria vê-las se desdobrarem na tarefa.

Não compartilho do pessimismo de muita gente.  Acho que daqui a mais alguns anos vamos ter seres humanos muito melhores dos que o de hoje.  Até lá, as mães terão se tornado santas.

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