terça-feira, 18 de maio de 2010

Moscou - parte 2

A conversa com o chefe foi tensa.  Ele me negou os dez dias de férias de que precisava.  Argumentei que podia parecer que eram muitos dias, mas não eram, porque havia um feriado longo.  Ainda assim ele negou e eu notei nele uma má vontade em atender ao meu pedido.  Disse-lhe então que ia ter de faltar (aleguei que era assunto de extrema gravidade) e que ele podia descontar os dias do meu salário.  Lembrei-me do que me disse uma vez uma americana: em caso de recusa sem motivo, exagere no pedido.  Foi como se eu tivesse dito palavras mágicas: ele finalmente concordou.

Na saída do trabalho, parei na agência de viagens.  Íamos precisar ir ao consulado russo para pegar o visto, eu e minha filha.  Na data marcada, fomos ao Leblon, onde fica o consulado, e aí vimos como o país era burocrático.  Fomos sabatinadas, antes de receber o visto, mas estávamos felizes demais para reclamar de qualquer coisa.

No início de maio, viajamos para São Paulo, de onde partiria o vôo para Moscou, com escala em Túnis.  Nossa curiosidade era imensa  Íamos viajar pela primeira vez num Ilyushin e não sabíamos o que esperar.  O vôo era operado pela Aeroflot, que minha filha dizia temer que fosse aeroploft!

Qual não foi nossa surpresa quando entramos no avião.  Era enorme, confortabilíssimo, muito diferente dos aviões de outras empresas que levam passageiros como sardinhas em lata.  Entre uma e outra poltrona, o espaço era decente.  O avião tinha um certo ar tzarista ou assim o imaginávamos.  E a comida era um capítulo à parte.  Mal decolamos e nos serviram bebidas e, de tira-gosto, caviar.  Eu já havia experimentado caviar na Noruega e não gostara.  Acho que quando somos jovens nosso gosto ainda não é muito apurado.  Dentro do Ilyushin, a caminho de Túnis, o caviar me parecia o melhor petisco do mundo.

Mas eu ainda ia ter muitas outras surpresas agradáveis.

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