quarta-feira, 12 de maio de 2010

A vida passa depressa

De um dito popular francês, "Ah, si jeunesse savait, ah, si vieillesse pouvait. (ah, se a juventude soubesse, ah se a velhice pudesse)," se pode aprender muita coisa.  Eu tive um chefe que, muitas vezes olhando para mim e querendo abrir meus olhos, repetia esse dito.  Se eu o tivesse levado a sério teria sido mais sábia.  Não perderia tanto tempo com bobagens, não juntaria tanta tralha inútil, que me consumiu tempo precioso, me lamentaria muito menos e, certamente, ganharia mais com isso e viveria melhor.  Mas quando somos jovens achamos que temos uma vida inteira pela frente e que o futuro (a velhice) está muito distante.  Não está.  Ela está logo ali, bem na esquina.  E é terrível o susto que levamos quando chegamos até ela.

Hoje em dia cabe a mim olhar os jovens e tentar fazê-los compreender que eles não têm todo o tempo do mundo, como imaginam.  A vida passa muito depressa.  Ela é muito mais rápida do que imaginamos.  Eu me lembro que um dia, assim de uma hora para outra, meu irmão me olhou atentamente e me perguntou o que havia acontecido com os meus olhos.  Nessa época, eu tinha passado um pouco dos quarenta anos.  Fiquei grilada e sem entender.  Ao chegar em casa e me olhar detidamente no espelho percebi: eu começara a mostrar os primeiros sinais de envelhecimento.  As minhas pálpebras começavam a cair, dando-me o olhar cansado, sinônimo de que o acúmulo dos anos podiam ser agora notados.  Foi o primeiro choque, o primeiro susto, a primeira dor.

Pois acreditem que nem com esse sinal evidente eu me curei da mania de perder tempo com bobagens.  Sem contar que sempre fui muito desatenta.  Passei grande parte da minha vida nas nuvens, sonhando com o futuro, e trabalhando para realizar os meus sonhos e os de minhas filhas.  Mas não é para isso que vivemos?  Sim, é, mas a gente não deve esquecer de desfrutar o presente, aproveitar o dia e viver cada minuto da forma mais intensa possível.  Parece lógico e simples, não é?  Mas não é o que comumente fazemos.

Não tive a sabedoria para seguir o conselho que estou dando agora.  E o pior é que estou tão acostumada a não desfrutar o presente que continuo com a tendência de viver acelerada, correndo não sei para onde, como se o futuro não tivesse ainda chegado.  Ele chegou e me despertou do sonho em que vivi.  O futuro chegou sob a forma de uma pesadelo, que me manteve presa a um leito durante três meses.

"Deus, dai-me sabedoria para superar o que passei e desfrutar do presente com muita paz e harmonia."  Esta talvez devesse ser a minha oração diária.

Nenhum comentário:

O CLIMA DO ANO

Há tempos venho notando que a natureza absorve nossos humores, mas isso é assunto pra outro post. Lembro que, em 2016, meu pé de amora fic...